São Paulo, quarta-feira, 12 de fevereiro de 1997
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ATRATIVO, POR ENQUANTO

Assim como Fernando Henrique Cardoso, o presidente peruano, Alberto Fujimori, participou de uma conferência esta semana, em Londres, com o intuito de mostrar a parcela do mundo desenvolvido que a América Latina merece ser contemplada com novos investimentos estrangeiros. Entretanto, a tarefa de Fujimori nessa área tem sido mais difícil do que a de seus colegas de continente, o que é compreensível.
A tomada de reféns por guerrilheiros do Movimento Revolucionário Tupac Amaru, na residência do embaixador japonês em Lima, lembrou ao mundo que um dos problemas internos do Peru ainda não estava totalmente solucionado, como fazia crer Fujimori. Apenas o fato de ser cobrado sobre o desenrolar do caso a cada viagem ao exterior já torna mais frágil sua posição junto a governantes ou empresários estrangeiros.
Em entrevista à Folha, na capital britânica, o presidente peruano afirmou que nem a ação da guerrilha em seu país nem a crise política no Equador abalarão a imagem de prosperidade da região. Em sua visão, trata-se de problemas menores. "O que precisa ficar claro é a dimensão e a diversidade da América Latina", disse. Seu raciocínio pode encontrar certo respaldo entre os países mais desenvolvidos, mas ainda não se sabe claramente por quanto tempo.
O que governos e investidores estrangeiros mais desejam hoje é não apenas um compromisso com reformas e uma abertura econômica, mas a garantia de que ele será cumprido. Mudanças bruscas de governo ou outros sinais de instabilidade política sempre indicam possíveis alterações nos rumos da economia de um país.
Por enquanto, a América Latina continua um pólo atrativo. Em um momento marcado pela grande liquidez dos mercados internacionais, as crises pontuais podem, como diz Fujimori, pouco significar num panorama mais amplo. Mas tanto o presidente peruano como seus colegas latino-americanos sabem que essa situação pode mudar. E diante de um quadro internacional desfavorável, a estabilidade interna de qualquer nação será cada vez mais valorizada como um bem indispensável.

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