São Paulo, quarta-feira, 12 de fevereiro de 1997
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PRISIONEIRA DE GUERRA

A libertação de Lamia Maruf Hassan, 32, entre outras palestinas, é emblemática para o futuro das negociações de paz entre Israel e a Organização para a Libertação da Palestina. Prevista em acordo de 1995, que marcou o início da retirada de tropas israelenses da Cisjordânia, a comutação da pena de prisão perpétua da brasileira foi seguidamente adiada, principalmente devido à polêmica que suscitaria entre os parentes de vítimas do terrorismo palestino.
O governo israelense parece ter optado por fortalecer o instável processo de paz iniciado em 1993, tentando calar os seus opositores internos mais intransigentes que criticavam a possível libertação de Hassan. Ao exigir que todas as presas libertadas renunciassem formalmente ao uso da violência contra Israel, o governo do primeiro-ministro Binyamin Netanyahu deixa claro que não está perdoando crimes cometidos no passado, mas sim apostando num arrefecimento das tensões no futuro.
Condenada 11 anos atrás pela participação no sequestro e na morte de um militar israelense, em 1984, Lamia Maruf Hassan foi enquadrada nas rígidas leis de um Estado em guerra. A ação de que participou fez parte de um período histórico que tanto palestinos como israelenses tentam aos poucos abandonar. Assim, a libertação de prisioneiros de guerra, como geralmente ocorre em qualquer processo que vise encerrar um conflito armado, era um passo não só previsível, mas inevitável.
Eleito com base em um discurso conservador, Binyamin Netanyahu tem abandonado a relutância inicial e demonstrado determinação em avançar nas negociações de paz. A libertação de condenadas sinaliza uma confiança do premiê no diálogo mantido recentemente com a OLP e não deverá servir de incentivo ao terrorismo na região. Ao contrário, colocará sobre os ombros do líder palestino Iasser Arafat uma nova carga de responsabilidade em combatê-lo.

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