São Paulo, quarta-feira, 12 de fevereiro de 1997
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O FANTASMA DOS ANOS 30

A Alemanha bateu o recorde de desemprego em janeiro, atingindo a mais alta taxa desde o fim da Segunda Guerra Mundial. São 4,658 milhões de desempregados ou 12,2% da população economicamente ativa. O problema já é grave em si mesmo. O indicador estatístico, entretanto, traz à lembrança o triste quadro de deformações políticas verificado na Alemanha da década de 30.
Porém, na prática, a diferença fundamental entre o país de então e a Alemanha de hoje está na incapacidade de o Estado assumir plenamente a missão de reerguer a economia e reduzir a taxa de desemprego. Desmilitarizada, mas acima de tudo sujeita a critérios severos de ajuste fiscal, a Alemanha não tem como repetir a saída sombria que afinal lhe custou (e ao mundo) tão caro.
A busca de soluções alternativas passa hoje necessariamente por um projeto de integração européia no qual os alemães, aliás, devem ocupar posição central. E para que esse projeto dê certo, a Alemanha não pode permitir, a si mesmo ou aos seus parceiros, excessivas liberalidades fiscais e cambiais que poderiam facilitar o combate ao desemprego.
O mais dramático, entretanto, está na taxa de desemprego ainda mais elevada na região Leste do país, onde chega a 18,7% (o índice é de 10,6% no lado ocidental). Afinal, a unificação alemã aparecia até bem pouco tempo atrás como uma oportunidade ímpar de expansão econômica e fortalecimento do país. A incorporação do Leste saiu muito cara, do ponto de vista das contas públicas. Mas, por enquanto, todo o esforço realizado choca-se frontalmente com uma enorme frustração social.
A situação vivida pela Alemanha, é importante sublinhar, é apenas o exemplo mais evidente de um problema muito mais amplo: a integração de todo o Leste Europeu à atual ordem econômica global. A começar pela Rússia, a transição ainda está longe do fim e será mais lenta à medida que a própria Alemanha enfrente dificuldades, crescendo pouco.

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