São Paulo, sábado, 22 de fevereiro de 1997 |
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Protestos e ameaças marcam estréia de 'Evita' na Argentina Pastilhas de agrotóxico foram lançadas em sala da capital RODRIGO BERTOLOTTO
Essa foi a parte mais amena das hostilidades na estréia da superprodução norte-americana. Houve ainda ameaças de bomba, quebra-quebra na porta de cinema, pichação de fachadas e até o lançamento de produtos agrotóxicos em uma sala de exibição. Na capital argentina, o epicentro dos distúrbios foi o cinema Atlas, na rua Lavalle. Seis minutos depois de iniciada a primeira projeção, duas pastilhas de gamexane -produto agrotóxico que solta uma fumaça de cheiro intenso- foram lançadas nas primeiras filas. Os mais de 200 espectadores foram evacuados, até que funcionários ventilassem a fumaça. Depois, a sessão seguiu, apesar dos bombos e gritos vindos de fora. Um contingente de 20 policiais foi destacado ao local. Mesmo assim, os manifestantes continuaram gritando "Vamos queimar o cinema, companheiros". Em outro cinema portenho, o Gaumont, a Juventude Peronista entregou panfletos em que se podia ler: "Não vamos patrocinar com nosso dinheiro os lucros de quem ofende nossa memória". Na cidade de La Plata, uma passeata terminou com a depredação de um cinema. Militantes do grupo esquerdista Quebracho apedrejaram a bilheteria, rasgaram a propaganda do filme e enfrentaram os seguranças da sala. O saldo do confronto foi um bilheteiro ferido. O mesmo grupo distribuiu panfletos acusando "Carlos Menem e os ianques de insultar Evita". Na cidade de Mendoza, duas salas foram pichadas com dizeres contrários ao filme. O vice-presidente argentino, Carlos Ruckauf, continua convocando o povo argentino a uma "resistência passiva contra a ambição de Alan Parker". "Estou convidando as pessoas que amam Evita como eu a fazer com que Parker se vá da Argentina com uns milhões de dólares a menos", disse Ruckauf. Ruckauf, presidente em exercício do país, e Parker, diretor de "Evita", protagonizam um bate-boca há cinco dias. Apesar da insistência de Ruckauf, os cinemas que exibiram "Evita" estiveram lotados ontem, e a compra antecipada de entradas fazem prever que isso se deve repetir nas próximas semanas. Em um levantamento feito pelo Centro de Estudos de Opinião Pública, 87,2% dos entrevistados gostaram do filme, e 12,8% falaram o contrário. Indagados se o filme retrata fielmente a história argentina, 60,8% responderam sim, e 39,2%, não. Texto Anterior: Grupo procura novos negócios Próximo Texto: Desfile de moda? Tô fora! Chega de osso! Índice |
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