São Paulo, sábado, 22 de fevereiro de 1997
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Os títulos de Pitta

CLÓVIS ROSSI

São Paulo - Durante a campanha eleitoral para a prefeitura paulistana, em 96, surgiram suspeitas sobre operações com títulos municipais praticadas pelo então candidato Celso Pitta, ex-secretário de Finanças da prefeitura, hoje prefeito.
Para simplificar, a suspeita foi assim resumida pelo também candidato José Serra (PSDB): como explicar que a Prefeitura vendesse um carro, ao meio-dia, por, digamos, R$ 10 mil, e o recomprasse, horas depois, por R$ 12 mil.
Pitta defendeu-se dizendo que são feitas operações casadas e que, ao final do dia, a prefeitura não perdera dinheiro.
Agora, verifica-se que não é bem assim, conforme relatório do Banco Central. Houve, sempre segundo o BC, prejuízos fortes e inexplicáveis em algumas operações feitas por meio de documentos assinados pelo próprio Pitta.
Já aí há uma sombra. Mas a que tende a ser a sombra mais incômoda leva o nome de Wagner Baptista Ramos, o coordenador da Dívida Pública paulistana.
O depoimento de Wagner à chamada CPI dos Precatórios beira o desastre. Embora ocupe posição estratégica na administração municipal, atuava também como agenciador de operações para entidades privadas, uma delas, aliás, liquidada ontem pelo Banco Central, exatamente em função do escândalo.
Wagner trabalhava com Pitta, o que, obviamente, não faz do prefeito, automaticamente, cúmplice de eventuais irregularidades. Mas o faz responsável por erro grave, na gestão pública, que é escolher pessoa inadequada para função tão delicada.
Cabe, claro, a atenuante de que Wagner Baptista Ramos está no cargo desde a gestão Jânio Quadros e foi, portanto, apenas mantido por Pitta. Atenuante relativa. Joga sombras sobre os governos anteriores, sem desfazer as que pesam sobre o período Pitta como secretário de Finanças.

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