São Paulo, sábado, 22 de fevereiro de 1997
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O imbróglio do PFL paulista

FERNANDO RODRIGUES

Brasília - O PFL de São Paulo é quase um não-partido. Apesar disso, essa microlegenda está dando trabalho para seus caciques nacionais.
A entrada do senador Romeu Tuma no PFL, anteontem, teria o objetivo de dar um rumo para os pefelistas bandeirantes. Mas, muito pelo contrário, a situação ficou ainda mais tensa.
Era tamanho o desarranjo no mais profissional dos partidos políticos que Tuma quase desistiu de entrar na legenda na terça-feira. Já havia assinado a ficha de filiação. Mas foi até a direção pedir o papelório de volta.
Tudo porque um amigo do senador havia telefonado para um dirigente do PFL paulista e deixou que Tuma ouvisse a conversa -usando o recurso de viva voz. O dirigente ouvido é pessoa ligada ao cacique do PFL de São Paulo, Antônio Cabrera.
Tuma ficou pasmo com as críticas que ouviu sobre si. Achou que seria fritado no PFL paulista. Como, de fato, está sendo neste momento.
A direção nacional do PFL agiu. Os apelos vieram de todos os lados.
Garantiram a Tuma que ele entraria para ser o candidato natural do partido ao governo paulista em 98.
Isso interessa muito ao PFL.
Primeiro, porque finalmente o partido estaria na disputa com um nome de peso para tentar dar uma cara para a sigla dentro do Estado.
Em segundo lugar, Mário Covas (PSDB) não está dando muita pelota para uma aliança com o PFL, em 98, quando tentará ser reeleito.
Para terminar, dados os possíveis candidatos ao governo paulista (Covas, Quércia, Maluf e Tuma), o senador neopefelista roubaria muito mais votos de Maluf do que de Covas -o que deixaria o PSDB feliz da vida.
O problema disso tudo é que faltou combinar essa estratégia com Antônio Cabrera. E obrigá-lo a aceitá-la.
Mas essa é uma outra e longa história. Nos próximos dias, deve ser empossada uma nova casta no PFL paulista. Não será surpresa se a presidência da legenda no Estado acabar no colo do publicitário Mauro Salles, amissíssimo de Jorge Bornhausen.

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