São Paulo, terça-feira, 25 de fevereiro de 1997
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Presos guardas-civis acusados de morte

MARCELO GODOY; ROGERIO SCHLEGEL
DA REPORTAGEM LOCAL

A Polícia Civil prendeu os cinco guardas-civis metropolitanos acusados de espancar até a morte o estudante Maurício Martins Ferreira, 20. Eles também teriam ferido outros dois rapazes.
O crime aconteceu às 2h30 de domingo, na rua São José do Rio Preto, no Grajaú (zona sul de São Paulo). Segundo a GCM (Guarda Civil Metropolitana), vítimas e guardas-civis teriam discutido e brigado. Os dois sobreviventes afirmam que não houve discussão e briga, porque foram rendidos por guardas-civis armados.
A decisão de prender os guardas em flagrante foi tomada pelo delegado Irai Santos de Paula, do 25º DP. A acusação foi de homicídio doloso (quando há intenção de matar) e de lesões corporais.
Os guardas afirmaram que foram agredidos verbalmente e, depois, fisicamente pelo estudante e seus dois amigos que ficaram feridos: o office boy Haroldo Rodrigues Ferreira, 26, e o operador de produção Claudemir Luques, 24.
Foram presos José Maria Miranda Forte, 31, Romildo de Oliveira Gomes, 26, Aílton de Oliveira Prado, 30, Aloísio Craiba Silva, 34, e Gilson Mauro Reis de Souza, 31.
Todos estão na cadeia do 81º DP, no Belenzinho (zona leste), reservada a policiais e pessoas com curso universitário.
Pela versão dos sobreviventes, os amigos haviam saído de um casamento no centro comunitário do bairro, onde haviam tomado algumas cervejas. "Nada que deixasse a gente alterado", diz Luques.
Ao chegar ao largo em que há um posto da GCM, os três gritavam uns com os outros e, segundo Haroldo Ferreira, comentaram entre si que ali havia "policiais cuzões" e "policiais filhos da puta".
"Não foi provocação, porque não havia nenhum guarda à vista, do lado de fora", diz o office boy, que acredita que a conversa foi ouvida através do muro.
Em seguida, relata, cinco guardas -dois deles armados- teriam cercado os três amigos e os levado para dentro do posto, onde teriam sido espancados por meia hora. "Eles se revezavam, dando socos no peito e chutes na bunda, que quase não deixaram marcas".
Ontem, apenas Luques tinha sinais da suposta agressão: um corte no lábio e uma escoriação na mão.
Corporação
O coordenador da GCM, coronel Emílio Wagner Jorge Kourrouski, disse ontem que ordenou aos guardas que entregassem a farda e se apresentassem ao 25º DP.
(MARCELO GODOY e ROGERIO SCHLEGEL)

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