São Paulo, terça-feira, 25 de fevereiro de 1997
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Vizinhos querem fechar posto da GCM

ROGERIO SCHLEGEL
DA REPORTAGEM LOCAL

Os amigos e a mãe do estudante Maurício Rodrigues Ferreira acreditam que ele morreu por ser o mais franzino dos três amigos que, segundo sua versão, foram espancados pelos guardas-civis.
"Ele nasceu de sete meses, com 1,1 quilo, junto com um irmão gêmeo, e tivemos muito trabalho para mantê-lo vivo" afirma a dona-de-casa Wilma Aparecida Barbosa, 63. Segundo a mãe, ele tinha 20 anos, mas "parecia ter 14 ou 15".
A mãe se angustia ao imaginar o filho apanhando, especialmente porque ele tinha uma ligeira gagueira. "Se perguntaram alguma coisa e o ameaçaram, ele deve ter ficado nervoso e aí mesmo é que não saiu nenhuma explicação", acredita.
O estudante, que cursava o primeiro colegial, nunca teve um emprego fixo, mas fazia alguns bicos na vizinhança. Segundo a família, bebia pouco, não usava drogas e só saía à noite nos fins-de-semana.
Abaixo-assinado
Na madrugada de domingo, foi a mãe de Claudemir Luques que alertou Wilma sobre o incidente. Ela chegou a ir ao posto da GCM, onde foi informada de que ele tinha sido o primeiro dos três a ser libertado. "Ainda disseram para eu não passar mal ali, que não havia carro para me levar ao hospital", conta.
Na volta, o estudante não estava em casa. A mãe, junto com uma filha e seu marido, foi até o pronto-socorro mais próximo. Marisa, a filha, verificou que o irmão de fato havia sido internado lá e disse para a mãe que ela deveria ser forte para receber a notícia que tinha para dar.
"Imaginei que ele estivesse muito machucado, com o rosto todo ferido, mas nunca que tivesse morrido", conta Wilma. Quando Marisa disse que estava morto, ela sentiu as pernas estremecerem. Mais tarde, em casa, chorou e gritou por horas.
Evangélica, Wilma diz que espera ter ajuda de Deus para superar a morte do filho. Mas insiste em que seja feita o que considera a justiça.
"Quero que os cinco guardas fiquem presos muito tempo. Prisão de verdade, como acontece com o filho de pobre que erra."

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