São Paulo, terça-feira, 25 de fevereiro de 1997
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Sem-teto fazem maratona por documentos

MARCELO OLIVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Os primeiros 61 homens de rua que passaram pela Surbe-Sé (Superitendência Regional da Secretaria da Família e do Bem-Estar Social da Sé) ontem, em busca de encaminhamento para entrevista numa das quatro empreiteiras de limpeza urbana, passaram por uma via-crúcis burocrática.
O maior problema encontrado foi a falta de alguns dos documentos que compõem a lista exigida pelas empresas.
A Folha acompanhou ontem a maratona porque passaram 13 internos pré-selecionados pelo albergue Pedroso que foram até a Surbe-Sé tentar obter o encaminhamento.
Eles acordaram no seu horário habitual, às 5h30, tomaram café e, às 6h, já aguardavam a Kombi do albergue, mantido pela Comunidade Metodista, em convênio com a Prefeitura.
Fila
Às 7h30, o grupo foi levado até a Surbe-Sé, onde aguardaram a checagem de documentos em fila.
Todos tiveram que providenciar um atestado de antecedentes criminais no principal posto do Instituto de Identificação Ricardo Gumbleton Daunt (Iirgd), na praça Alfredo Issa, no centro.
A Surbe teve problemas causados pela falta de formulários para impressão digital.
O preenchimento era necessário obtenção do atestado de antecedentes criminais, para o candidato que tivesse carteira de identidade de outro Estado.
Trabalhador
O cearense João Rodrigues de Oliveira, 44, foi um dos que conseguiram encaminhamento para entrevista na Vega-Sopave.
Oliveira vive na região Sudeste desde 1974. Em São Paulo participou da construção das primeiras linhas do Metrô.
Depois, foi cobrador de ônibus no Rio. Chegou até a ter um negócio próprio em Nova Iguaçu, Baixada Fluminense.
Acabou indo parar na rua, já em São Paulo, para onde voltou há dois anos e meio, depois de ter ficado viúvo.
"Em São Paulo só consegui empregos temporários. Esse programa é a chave para abrir essa porta fechada faz muito tempo. É a hora de a sociedade se conscientizar que somos trabalhadores como todo mundo, que estamos na rua por circunstâncias da vida", disse.
Programa
A expectativa da Prefeitura de São Paulo é de que 600 moradores de rua passem trabalham na limpeza da cidade. O salário será de R$ 255,20 por mês.
A triagem está sendo feita pelos albergues e casas de convivência conveniadas à Prefeitura. A meta, numa segunda etapa, é chegar a 2.000 sem-teto empregados.
As entidades estão fazendo entrevistas com os interessados cadastrados para avaliar as condições físicas e psicológicas.

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