São Paulo, terça-feira, 25 de fevereiro de 1997
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Saúde terá de banir o DDT em três anos

Decisão é da Justiça Federal

MARIO CESAR CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL

A Justiça Federal decidiu que o inseticida DDT deve ser banido no combate à malária em três anos.
Usado para eliminar o mosquito que transmite a malária (o Anopheles), o DDT será proibido por causa dos danos que causa à natureza e ao ser humano.
A juíza Maria Divina Vitória estabeleceu uma multa de 1.000 Ufir (R$ 910,80) por dia de descumprimento da sentença.
Ela julgou uma ação do Ministério Público Federal, instaurada a partir de uma representação feita em 1990 pelo então deputado federal Fábio Feldman, hoje secretário do Meio Ambiente de São Paulo.
Morte de pássaros
O problema do DDT é que não ataca só o mosquito da malária, diz José Manuel Cabral, do Centro Nacional de Pesquisa de Recursos Genéticos e Biotecnologia.
O inseticida mata pássaros, peixes, invertebrados como a minhoca e insetos benéficos, entre os quais a abelha, uma das responsáveis pela polinização de flores.
Após a aplicação, o DDT pode ficar de 10 a 30 anos no solo, contaminando rios e alimentos. Estudos feitos desde 1969 sugerem que o inseticida provocaria câncer em seres humanos, mas a hipótese não está provada.
O uso agrícola do DDT no Brasil foi proibido pelo governo em 1971. O primeiro país a banir o inseticida, usado desde 1939, foi a Suíça. O veto ocorreu em 1969.
Hoje, ele é proibido em cerca de 40 países. A Organização Mundial da Saúde não veta o seu uso, mas recomenda produtos alternativos.
No Brasil, o DDT é usado nas regiões onde a malária persiste -na Amazônia e no Mato Grosso.
A direção nacional da FNS (Fundação Nacional da Saúde) diz não comprar mais DDT desde 1988, mas as 27 coordenações regionais da entidade podem adquirir o inseticida. Como são autônomas, ninguém sabe quanto é comprado.
Edmar Cabral da Silva, sanitarista da FNS, diz que as compras foram suspensas porque os técnicos se recusavam a aplicar o DDT e as populações e os ambientalistas reclamavam de seus efeitos.
Segundo ele, a FNS usa inseticida mais moderno e menos tóxico do que o DDT. Três anos são suficientes para as coordenações regionais deixarem de usar DDT, afirma.

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