São Paulo, terça-feira, 25 de fevereiro de 1997
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'Carro a álcool está com os dias contados'

DA SUCURSAL DO RIO

O carro a álcool está com os dias contados no Brasil, segundo projeção feita pelo deputado federal Eliseu Resende (PFL-MG), relator do projeto de lei que regulamenta o fim do monopólio da Petrobrás sobre o setor petróleo.
O projeto prevê o fim do subsídio a combustíveis em, no máximo, três anos após a entrada em vigor da nova lei. Sem subsídio ao álcool, Resende disse que o carro a álcool tende a desaparecer nos próximos três anos.
A previsão de Resende conflita com sucessivas declarações de membros do governo sobre a disposição de revitalizar o Proálcool (Programa Nacional do Álcool), criado na década de 70 e expandido na década de 80.
"É antieconômico", disse Eliseu Resende que, como ministro dos Transportes (governo Figueiredo) participou das decisões que levaram ao incremento do Proálcool.
"Nós cometemos dois erros básicos: achamos que o preço do petróleo iria continuar subindo e que o álcool seria um substituto para o petróleo, mas ele só serviu para substituir a gasolina", disse.
No quadro desenhado por Eliseu Resende com seu projeto de regulamentação da emenda constitucional que acabou com o monopólio da Petrobrás, vai cessar a produção de álcool hidratado, consumido pelos carros a álcool, ficando apenas a produção de álcool anidro, para mistura com a gasolina.
Como a legislação do país obriga que a gasolina do país seja, na verdade, uma mistura de 78% de gasolina e 22% de álcool anidro, Resende disse que os produtores de álcool serão compensados pelo aumento progressivo da frota de carros a gasolina.
Mais caros
Em palestra na Firjan (Federação das Indústrias do Rio de Janeiro), Eliseu Resende disse ainda que os preços dos combustíveis irão subir quando eles estiverem totalmente fora do controle do governo. "Não vamos iludir ninguém."
A liberdade total de preços deve ocorrer em até três anos após o fim do monopólio, conforme o projeto do deputado. Depois, em entrevista, Eliseu Resende disse que deverão aumentar basicamente os produtos que hoje são subsidiados, como GLP (gás de cozinha) e óleo diesel.
Eliseu Resende disse que seu substitutivo ao projeto de lei enviado ao Congresso pelo governo deverá ser votado até a próxima terça-feira na Comissão Especial que trata do assunto na Câmara.

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