São Paulo, terça-feira, 25 de fevereiro de 1997
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Farah e Teixeira 'duelam' por negócios

DA REPORTAGEM LOCAL

O autoritarismo é a característica predominante nos dois principais dirigentes do futebol brasileiro, que travam atualmente batalha aberta pelos negócios do esporte.
O presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira, encampou em 1995 a tese de que é preciso reduzir o período de disputa dos campeonatos estaduais.
Esses torneios opõem poucas equipes grandes a muitas sem expressão. Com excesso de jogos pouco atraentes, tornam-se deficitários.
Reduzindo os torneios estaduais, sobraria mais tempo para as equipes grandes disputarem o Campeonato Brasileiro.
Isso afeta diretamente Eduardo José Farah, presidente da Federação Paulista de Futebol, que organiza o único torneio estadual relativamente rentável para os clubes.
Sentindo-se ameaçado, Farah, que sempre fizera oposição discreta a Teixeira, passou a hostilizar abertamente a administração da CBF.
"A CBF prega o que não pratica, a modernização no futebol. O fórum sobre futebol brasileiro promovido pela CBF no ano passado recomendou à unanimidade que não deveria haver convites para a Copa do Brasil. Mesmo assim, a CBF convidou 15 clubes", disse Farah.
Procurado pela reportagem da Folha durante toda a tarde de ontem, Teixeira não foi localizado, segundo a sua secretária na CBF.
Farah não esconde seu desejo de desafiar Teixeira na próxima eleição para a presidência da CBF. "O nosso objetivo é sempre chegar ao máximo", disse.
Como a próxima eleição deve ocorrer somente no ano 2000, a preocupação de Farah é menos política e mais financeira.
O Campeonato Paulista é o principal produto de venda da FPF. É vendido para patrocinadores, anunciantes e emissoras de TV. É esse faturamento que mantém a entidade.
Caso o torneio tenha seu período de disputa reduzido, seu valor cai. Cai, consequentemente, o faturamento da FPF.
Para evitar esse redimensionamento de seu poder, Farah vem reagindo desde o ano passado. Sua estratégia é procurar tornar o Paulista o mais atraente possível.
Com isso, não só recebe o apoio dos times paulistas para o torneio, como ainda evidencia a desorganização que impera nos campeonatos da CBF.
A estratégia tem funcionado, apesar dos vários deslizes desse início do Paulista.
O programa de renda mínima para os clubes, as promoções (shows, lanche, garotas animadoras), a venda antecipada de ingressos têm levado os clubes de outros Estados a elogiar Farah.
É com o apoio desses clubes que o cartola paulista espera desbancar Teixeira, nem que seja lá pelo ano 2000.

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