São Paulo, terça-feira, 25 de fevereiro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Cartola é a 'serpente da Paraíba', diz rival

MÁRIO MAGALHÃES
DO ENVIADO A JOÃO PESSOA

Entre os clubes amadores, a cartola paraibana Rosilene Gomes reina como "madrinha", título que recebeu deles em 1970.
Para Paulo Agra, presidente do Campinense, agremiação profissional de Campina Grande (PB), ela é "a serpente da Paraíba".
O Campinense foi um dos quatro clubes que romperam com a federação em 1995, criando a Liga de Futebol Profissional da Paraíba.
A Lei Zico, de 1993, permite a criação de ligas autônomas, mas a Confederação Brasileira de Futebol não as reconhece, mantendo o monopólio das federações.
Isolado na liga, o Campinense queria voltar neste ano ao Campeonato Estadual organizado pela federação, mas sofreu intervenção da entidade.
"Isso só poderia sair do quengo (cabeça) de Rosilene", afirmou Agra. Agora, como outros clubes falidos, o Campinense desistiu do Estadual -é impossível assegurar quantos times jogarão- e só legalmente permanece profissional.
O diretor-técnico da liga, Francisco de Assis Alves, diz que Rosilene Gomes "deve estar à frente da federação com outros interesses. Ela tem fábrica e loja de material esportivo."
Futebol inviável
Alves considera "impossível se fazer hoje futebol profissional na Paraíba. Entre um jogo daqui e um Cruzeiro x Grêmio, pela TV, o torcedor prefere ficar em casa".
Agra e Assis Alves afirmam que a oposição a Rosilene Gomes não se deve ao sexo da dirigente.
O presidente da Associação de Garantia aos Atletas Profissionais da Paraíba, Manoel Luis Melo, pensa diferente: "Mulher no futebol não dá certo."
"Na minha frente ninguém fala isso, mas por trás eu sei que sim", afirma Rosilene.
Ela refuta a acusação de usar o cargo em benefício próprio, qualifica a liga como "pirata" e diz não se sentir pressionada pelos inimigos. "Não sou Jânio Quadros para renunciar."
Em 1994, tentou se eleger deputada no Estado que a acolheu aos sete anos de idade -ela nasceu em Sertânia, Pernambuco. Fracassou, apesar dos mais de 9.700 votos.
Agora, diz que eleição só no futebol. "Em política, a melhor coisa é ser amigo do rei, e não o rei."
(MM)

Texto Anterior: Futebol profissional 'quebrou'
Próximo Texto: Lindonice usa tarimba da política no São José
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.