São Paulo, terça-feira, 25 de fevereiro de 1997
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Mercado cultural quer lista confiável dos mais vendidos

LUIZ ANTÔNIO RYFF
DA REPORTAGEM LOCAL

Quais são os discos mais vendidos no país? E os livros? Após o grande crescimento do mercado cultural, a indústria sonha em quantificar seu tamanho real. Em saber quem vende mais e onde.
As listas de mais vendidos estão na ordem do dia. Para o público, listagem de mais vendidos significa um chamariz ou, no mínimo, uma curiosidade. Para o mercado sua importância é maior. Ajuda a definir estratégias de venda e de promoção. É fundamental em um mercado onde o faturamento pode chegar a R$ 3 bilhões em 1997.
Em alguns setores, como o cinema, há interesse em melhorá-la, em outros, como literatura e música, a preocupação é criar uma listagem única e confiável.
'Billboard'
O sexto mercado fonográfico do mundo não tem uma lista de mais vendidos.
"A 'Billboard' (conceituada revista de música norte-americana) vive nos pedindo para mandar uma listagem do Brasil, para ela publicar junto às dos outros países", conta o presidente da ABPD (Associação Brasileira dos Produtores de Disco), Manolo Camero.
Ele diz que a lista sai ainda em 1997 -inicialmente com os 50 discos mais vendidos. "Hoje não existe nada confiável, que seja reconhecido pela indústria."
No começo, a idéia é implantar o sistema nos cinco principais estados consumidores (São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Pernambuco), responsáveis por 80% das vendas.
"Com a listagem por região, a aplicação dos esforços promocionais mudará muito. E as rádios mais comerciais vão tocar o que realmente vende", diz Camero.
A listagem deve cobrir os discos vendidos ao público. Um dos obstáculos, segundo Camero, é a resistência dos lojistas, que veriam sua contabilidade devassada pelas gravadoras.
Hoje, a contagem de vendas para os discos de ouro, por exemplo, é feita com base na venda da gravadora para o lojista -sistema imperfeito, pois, no final do ano, a consignação é pratica aceita.
Precariedade
Para o presidente do SNEL (Sindicato Nacional dos Editores de Livro), Sérgio Machado, as listas de mais vendidos servem de parâmetros pela falta de parâmetros.
"As atuais são indicativas, mas dependem do dia da pesquisa e da cabeça do livreiro. É um sistema precário", afirma ele, lembrando que há possibilidade de manipulação, pois algumas editoras são donas de livrarias.
Ele diz que é comum vender muito para as livrarias determinada obra que não consta das listas, enquanto outra obra que não vende tanto aparece na listagem. É o caso de "Vidas Secas", de Graciliano Ramos.
Informatização
O cinema no Brasil já tem uma listagem semanal com as melhores bilheterias (leia texto abaixo).
Mas, mesmo assim, está empenhado em aperfeiçoar o sistema. Jorge Pelegrino, presidente do Sindicato dos Distribuidores, admite que o atual não é perfeito e que há evasão de renda nos cinemas.
Para ele, o problema é maior no interior do país e quando o cinema não pertence a um circuito. Por isso, os cinemas estão começando a informatizar suas bilheterias.
Segundo Pelegrino, as distribuidoras estão ajudando a financiar parte da implantação do sistema abrindo mão de um percentual da bilheteria. De cada real, cinco centavos são recolhidos para esse fim.

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