São Paulo, quinta-feira, 27 de fevereiro de 1997
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Entidade dá chance a talento reprimido

RODRIGO VERGARA
DA REPORTAGEM LOCAL

O futebol pode deixar de ser a principal via de ascensão social para crianças brasileiras pobres. Pelo menos é o que pretende o Instituto Ayrton Senna, cuja finalidade é dar chance a crianças carentes de desenvolver talentos ocultos pela falta de condições financeiras.
Não que o futebol esteja proibido às 42.232 crianças que participam dos 32 projetos mantidos pelo instituto. Mas o esporte nacional deixa de ser o único à disposição e divide espaço com outras atividades, esportivas ou não.
Assim, crianças de bairros da periferia ou sem condições de bancar uma educação mais sofisticada têm hoje acesso à canoagem, vôlei, handebol, aulas de informática, marcenaria e reciclagem de papel, entre outros.
Em alguns dos projetos, o teor educacional dá lugar a programas de alimentação e combate à desnutrição. É o caso da sopa distribuída em São Paulo e no Paraná a cerca de 14 mil crianças todo mês.
Para uma região repleta de crianças e famílias em condições miseráveis como a Grande São Paulo, parece pouco. "E é pouco", afirma Margareth Goldemberg, supervisora de projetos do instituto.
"Mas o nosso objetivo não é nem pode ser o de substituir o papel do Estado. O que queremos é criar modelos de excelência em diversas atividades", diz ela.
Pesquisas
Nessa linha, o instituto investe ainda em pelo menos dois grandes projetos de pesquisa.
Um deles, tocado em conjunto com outras seis instituições nacionais e internacionais, pretende mapear todos os trabalhos de desenvolvimento de crianças e adolescentes no Brasil.
Na partilha do território nacional, o Instituto Ayrton Senna acabou responsável pelo esquadrinhamento de todas as iniciativas nesse sentido no Nordeste.
"Não queremos reinventar a roda, queremos saber o que funciona. A idéia é financiar projetos já existentes", diz Margareth.
O mais novo empreendimento do instituto, o Projeto de Aceleração de Aprendizagem, implantado este ano, é exemplo dessa filosofia.
A idéia é recuperar o rendimento de alunos da 1ª e 2ª série do 1º grau com dois a três anos de atraso escolar em 14 cidades do país.
Financiamento Para isso, o instituto financiou a implantação de um estudo desenvolvido em Brasília que não havia sido aplicado. O projeto piloto tem previsão de duração de um ano, mas o instituto espera a adesão de outras entidades à iniciativa.
"É sempre assim. A chegada do instituto dá credibilidade às iniciativas e acaba atraindo outros apoios", diz Margareth.
Esse apoio "institucional" e a ajuda financeira são as duas principais formas de auxílio prestadas pelo instituto. Mas ainda há outra, o apoio técnico, prestado por meio da formação de profissionais especializados em cada área. "Damos bolsas de capacitação para líderes de projetos e contratamos pessoal especializado", diz Margareth.

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