São Paulo, sexta-feira, 28 de fevereiro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Metade do dinheiro financiará economia

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo já decidiu usar metade do dinheiro que receberá com a privatização da Companhia Vale do Rio Doce para criar um fundo de financiamento à atividade econômica, disse ontem o ministro Antonio Kandir (Planejamento).
O FRE (Fundo de Reestruturação Econômica) será constituído unicamente com uma parte do dinheiro da venda da empresa.
"Não serão usados recursos de outras privatizações para o fundo", afirmou o ministro Antonio Kandir.
A decisão foi acertada com o presidente Fernando Henrique Cardoso no começo desta semana. Com isso, saiu derrotado o ministro das Comunicações, Sérgio Motta. Ele queria que o fundo tivesse recursos da venda de outras empresas.
Dívida
Metade dos recursos obtidos com a venda da Vale serão usados para o abatimento de dívida do governo federal.
O uso do dinheiro das privatizações para abater dívida foi defendido pelo ministro da Fazenda, Pedro Malan.
O fundo deverá financiar o setor privado e projetos regionais. Seu patrimônio inicial deverá ser de pelo menos R$ 2,5 bilhões, disse Kandir após depoimento sobre a venda da CVRD na Comissão de Infra-Estrutura do Senado Federal.
A solução adotada pelo presidente Fernando Henrique atende também aos interesses de políticos e de governadores dos Estados onde a empresa atua. Com isso, o governo espera que sejam reduzidas as resistências políticas à venda da empresa.
Edital
O edital de venda da empresa deverá ser divulgado na próxima semana, após a reunião do CND (Conselho Nacional de Desestatização) marcada para o dia 5.
Com isso, a primeira etapa da venda deverá ser feita no final de abril.
O preço mínimo de venda da empresa será fixado no edital. Kandir disse que ainda não está definido se a data do leilão sairá junto com o edital. Já está certo, porém, que o edital não mencionará o FRE.
O presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Luiz Carlos Mendonça de Barros, disse que já foi fechado um acordo entre o banco e funcionários da Vale para atuarem em bloco na empresa privatizada.
Segunda etapa
É que, numa segunda etapa da privatização, uma parte das ações da empresa será vendida aos funcionários.
Como o BNDES terá uma participação temporária na Valecom (empresa que vai controlar a Vale), o banco quer atuar em conjunto.
A Valecom permitirá ao governo acompanhar a transição de uma empresa estatal para privada, disse Mendonça de Barros. Segundo ele, isso permitirá "uma participação estratégica" na administração da CVRD.

Texto Anterior: Congresso pode restringir MP
Próximo Texto: Ferrovia é privatizada
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.