São Paulo, sexta-feira, 28 de fevereiro de 1997
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Apuração deve derrubar dirigente do BC

SÔNIA MOSSRI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A base governista no Senado dá como certa a substituição do chefe do Dedip (Departamento da Dívida Pública do Banco Central), Jairo da Cruz Ferreira, encarregado de elaboração de pareceres enviados ao Senado sobre pedidos de emissão de títulos por Estados e municípios.
Apesar de a CPI não ter encontrado nada de concreto que indique o envolvimento de Ferreira nas operações irregulares com esses papéis, Ferreira será citado no relatório final da CPI, que será elaborado pelo senador Roberto Requião (PMDB-PR).
A Folha apurou que a diretoria do BC está dividida com relação à permanência de Ferreira no cargo. Alguns consideram que o afastamento do chefe de departamento pouparia o BC de maiores ataques da CPI.
Outros acham justamente o contrário e analisam que a saída de Ferreira, funcionário do BC há 20 anos, no meio dos trabalhos da CPI criaria mais transtornos ao Banco Central.
'Sem fundamento'
O presidente do BC, Gustavo Loyola, disse, por intermédio da assessoria de imprensa do Banco, que "não existe fundamento na informação" sobre o afastamento de Ferreira.
"Estaríamos desprezando a inteligência do BC se achássemos que eles não sabiam de nada", disse ontem Roberto Requião.
Nos pareceres sobre as emissões de títulos para pagamento de precatórios realizadas realizadas a partir de 95, Ferreira somente usou a expressão "desaconselhável" no caso das operações de Campinas e Guarulhos.
Consenso
Isso não passou despercebido pelos integrantes da CPI. Existe consenso entre os parlamentares em acusar o Dedip de não acompanhar de modo adequado a posição de custódia dos títulos dos Estados e municípios.
Requião e o senador Vilson Kleinubing (PFL-SC) resistem ao argumento do chefe do Dedip, em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito no dia 29 de janeiro, atribuindo a função de fiscalização da utilização dos títulos exclusivamente aos tribunais de Contas.
Pressões
O senador José Serra (PSDB-SP) avalia que o Banco Central "está se eximindo de suas responsabilidades, talvez por pressões de natureza política".
O Palácio do Planalto já orientou o BC a realizar mudanças no sistema de acompanhamento de endividamento dos Estados e municípios.

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