São Paulo, sexta-feira, 28 de fevereiro de 1997
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Pitta demite assessor investigado pela CPI

EMANUEL NERI

EMANUEL NERI; FABIO SCHIVARTCHE
DA REPORTAGEM LOCAL

Prefeito reafirma que operações feitas por Wagner Baptista Ramos foram 'lucrativas e legais'

Principal envolvido na suspeita de irregularidades na venda de títulos da Prefeitura de São Paulo, Wagner Baptista Ramos foi demitido ontem pelo prefeito Celso Pitta (PPB). Pedro Neiva, um segundo assessor de confiança de Pitta, se demitiu.
Ramos era coordenador da Dívida Pública da prefeitura. Sua demissão ocorre oito dias depois de ele ter revelado à CPI dos Precatórios que tinha um contrato com a corretora Perfil, que intermediava a venda de títulos não só de São Paulo, como de outros Estados.
Na CPI, Ramos confirmou ter recebido da Perfil comissão de R$ 150 mil. Mas anteontem foi revelado que ele movimentou US$ 1,6 milhão em duas contas do banco Merryl Linch, de Miami (EUA).
Na época da venda dos títulos, Pitta era secretário das Finanças da administração Paulo Maluf. Mas o atual prefeito diz que desconhecia a relação contratual entre Ramos e a corretora Perfil.
Ao anunciar a demissão de Ramos, o prefeito disse que a Secretaria de Negócios Jurídicos abrirá sindicância para apurar o envolvimento do ex-assessor nas operações. Seu comportamento, afirmou, foi "muito grave sob o ponto de vista da conduta ética".
Como tem feito desde as primeiras revelações sobre o caso da venda de títulos, Pitta voltou a se escudar em relatório do TCM (Tribunal de Contas do Município) para dizer que as operações "foram lucrativas e legais". A maioria dos integrantes do TCM é ligada ao ex-prefeito Paulo Maluf.
Na entrevista, Pitta foi indagado se acreditava mais no relatório do tribunal ou em um segundo relatório, do Banco Central, que aponta "má-fé" nas operações. Segundo o BC, os prejuízos municipais são superiores a R$ 10 milhões.
"Não conhecemos o teor do relatório do BC", afirmou. Segundo ele, há "desconhecimento desse relatório com critérios que foram adotados", na operação. "A prefeitura e o TCM chegaram à conclusão que foram lucrativas."
Pitta afirmou ser "indiferente" à criação de uma CPI na Câmara Municipal de São Paulo para apurar o caso. "Nada tenho a temer, nada tenho a esconder", disse.
Pela manhã, o prefeito afirmou não ter demitido Ramos antes porque ele "estava de férias e, pela legislação trabalhista, não poderia ter sido demitido".
O prefeito disse que, antes da CPI, Ramos gozava de sua confiança pessoal e de toda a prefeitura. "Esses fatos lamentáveis que foram tornados públicos, evidentemente exigem uma tomada de posição, uma atitude firme."

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