São Paulo, sexta-feira, 28 de fevereiro de 1997
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Informalidade está até no ministério

Irmãos lavam carro em área ministerial

FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Na porta do Ministério do Trabalho, em Brasília, há dois exemplos de brasileiros que não conseguiram encontrar empregos e caíram na informalidade.
Os irmãos Antônio Feitosa de Abreu, 53, e Pedro Fernandes Gomes, 32, lavam carros de funcionários do Ministério do Trabalho no estacionamento público em frente ao órgão.
"Estou aqui fazendo isso há 18 anos", diz Antônio, que trouxe o irmão para auxiliá-lo no serviço há 12 anos. Ambos nasceram no Rio Grande do Norte.
Antônio e Pedro trabalham por conta própria. Não tem carteira de trabalho assinada, não pagam INSS ou qualquer tipo de imposto trabalhista.
"Não pago aposentadoria. É um problema. Mas o dinheiro mal dá para comer", diz Antônio.
Antes de lavar carros, Antônio foi funcionário público federal. Mas achou que o salário não compensava e partiu para uma atividade própria.
Logo cedo, os irmãos chegam ao estacionamento do Ministério do Trabalho e enchem de água 23 latas de 18 litros. "Lavo os carros com as latas, assim não gasto muita água", explica. A água é "doada" pelo ministério.
Apesar de não se submeter à burocracia da legislação trabalhista, Antônio diz que a situação tem piorado no ramo de lavagem informal de carros:
"Os postos de gasolina estão acabando com a gente. Estão lavando carros de graça. Eu lavava mais de 20 carros por dia. Agora, caiu para uns sete ou oito".
Não há números precisos sobre o mercado informal. Um indício está nas contribuições ao INSS. Em 95, 56,9% dos brasileiros empregados não contribuíam.
(FR)

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