São Paulo, sexta-feira, 28 de fevereiro de 1997
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Ex-líder dos Waterboys aposta no rock básico em disco solo

RUBENS LEME DA COSTA
ESPECIAL PARA A FOLHA

Continuar tocando rock básico sem esquecer sua origem celta. Esses são os planos do cantor e compositor escocês Mike Scott, ex-líder dos Waterboys, banda que liderou de 1981 a 1993.
Scott resolveu terminar o grupo, logo após a excursão que promovia o último disco, "Dream Harder" (92), por achar que os Waterboys já haviam se esgotado.
"Foi muito bom o tempo em que trabalhamos, mas os meus projetos não cabiam mais na banda, e por isso resolvi terminar o grupo", afirmou o cantor à Folha.
Mike Scott deve lançar seu segundo disco solo, provisoriamente intitulado "Tree of Stars", em maio ou junho.
Para Scott há uma diferença entre esse novo trabalho e seu disco anterior, "Bring 'em All In", de 95: "Meu segundo disco é muito mais poderoso, instrumentalmente falando, já que optei por um lado mais intimista em 'Bring' ".
*
Folha - Como foi o final dos Waterboys?
Scott - Foi um período meio doloroso, já que fiquei ligado a eles um bom tempo. Ao mesmo tempo, me senti bem, pois pude fazer algumas coisas que sempre quis.
Folha - Mas a banda sempre teve outros projetos. Karl Wallinger, por exemplo, montou o World Party.
Scott -É verdade, mas era um lance dele. Steve Winckham (violinista), também tocou em alguns discos de outros caras, como o U2, mas nem por isso optou por sair.
Folha - Mas Steve entrou a partir de "Fisherman's Blues" (89).
Scott -Mas sempre tocou conosco. Ele é um grande músico.
Folha - Vocês fizeram muito sucesso com a música "The Whole of the Moon" (86) e, quando todo mundo esperava um novo disco nos mesmo moldes, vocês lançam um disco folk, "Fisherman's Blues". Por que a mudança?
Scott - Foi uma evolução natural, já que queríamos voltar a nossas raízes e "Fisherman's" resgata um pouco esse lado nosso.
Folha - Vocês musicaram um poema de W. B. Yeats, não?
Scott -Sim, "Stolen Child". Eu sempre amei Yeats. Essa música está também numa coletânea em homenagem a ele, que foi lançada neste ano (veja texto ao lado).
Folha - Rod Stewart é um dos seus ídolos?
Scott -Gosto de sua fase mais "bluesy", quando tocava com os Faces, e de seus primeiros discos solos. Depois...
Folha - Muitas pessoas o comparam a Neil Young e Bob Dylan.
Scott - Já me compararam também a Bono, do U2. Eu adoro Young e Dylan, quem não gosta? Mas meu favorito é Van Morrison.
Folha - E o U2?
Scott -Eles são OK, mas gostei mais deles no passado.
Folha - Você pretende tocar no Brasil?
Scott - Sempre gostei de viajar, mas nunca recebi um convite para tocar em seu país. Quem sabe agora não vou?
Folha - Qual a expectativa para o novo disco?
Scott - Sinto que é a melhor coisa que já fiz. Estou hoje mais maduro, mais sossegado. Nos tempos dos Waterboys existia muita pressão e briga entre nós. Agora eu contrato os músicos e eles executam. Simples e direto.

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