São Paulo, sexta-feira, 28 de fevereiro de 1997 |
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Arrogância típica do Mareolo não é novidade
JOSIMAR MELO
Mas quem vai tomar um drinque na varanda não pode entrar no clima italiano pedindo um coquetel típico daquele país, o negrone. A casa não tem. E não adianta solicitar ao garçom que peça ao barman para, em havendo os ingredientes, prepará-lo: a resposta será que, como o drinque não está no cardápio nem no computador, não será feito. Na falta da bebida da Itália, seria justo -já que estamos no Brasil- poder então tomar uma caipirinha. De verdade, ou seja, de cachaça. Impossível. A casa não serve cachaça. Não é uma arrogância exclusiva do Mareolo, mas comum a vários restaurantes. Trata-se de uma síndrome da classe média, que acha que pode se diferenciar do povo pobre se eliminar sinais e gostos "populares" e assim parecer mais refinado. Não sabem que restaurantes refinados, mesmo, têm caipirinha de verdade, mesmo porque a elite estrangeira que os frequenta adora tomar a bebida local -cachaça. Frustrada a parte etílica, resta comer, provavelmente nas salas de dentro, um tanto escuras, mas decoradas com bom gosto: cadeiras de vime, mesinhas como as dos cafés italianos e fotos nas paredes. O melhor são os petiscos: a focaccia é bem atraente, de massa grossa e macia, e coberturas como a de berinjela, tomate e abobrinha. Os sanduíches são irregulares: feitos num gostoso pão de batata, frustram quem busca por exemplo o de pernil acebolado (a carne é seca, a cebola mirrada, e aquele molho delicioso de botequim não existe). Os pratos não funcionam: o paillard de filé à milanesa tem gosto de farinha crua e um débil molho de tomates. O filé com molho de tomates, alcachofra e alcaparras é salgado e vem com massa fria. É preciso mais atenção. (JM) Texto Anterior: A comilança de Veronelli no Ca'd'Oro Próximo Texto: Jambu, a erva que anestesia a ponta da língua Índice |
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