São Paulo, sexta-feira, 28 de fevereiro de 1997
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Oliveira, cineasta veloz

DA REDAÇÃO

Espectadores brasileiros reclamam, com frequência mais que razoável, da lentidão dos filmes de Manoel de Oliveira, autor do soberbo "Não, ou a Vã Glória de Mandar" (Multishow, 5h da madrugada de sábado).
Pode ser. Há cerca de dois anos, o diretor português estava no Brasil para a Mostra Internacional de Cinema e a horas tantas desceu do quarto esbravejando com uma assessora: "O Leon Cakoff me prometeu um carro para agora e não tem carro nenhum". A assessora: "Calma, seu Manoel. A gente arranja." Ele: "Eu preciso urgente". Ela: "Aonde o senhor vai com tanta pressa, seu Manoel?" Ele: "Ao túmulo do Ayrton Senna".
Oliveira sentia-se obrigado a homenagear o campeão, porque ele próprio foi piloto de corridas. Inclusive visitou o Brasil nos anos 40, na condição de corredor, não de cineasta.
Talvez a "lentidão" se deva à natureza lusitana. "Os Lusíadas", de Camões, também não são nenhum "Duro de Matar"; "O Marinheiro", de Fernando Pessoa, não prende a atenção pela ação incessante etc.
Oliveira talvez vá devagar porque sabe quando um piloto quando tem de correr e quando é preciso frear. E que um filme não termina com uma bandeira quadriculada. Cada coisa tem seu lugar.

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