São Paulo, sexta-feira, 28 de fevereiro de 1997
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Dionisio é novidade de Curitiba

Diretor vai estar em três peças

DANIELA ROCHA
DA REPORTAGEM LOCAL

Dionisio Neto, 25, é a aposta como o novo nome do teatro no Festival de Curitiba. Ele estará participando de três peças do festival -duas de sua autoria e direção: "Opus Profundum" e "Perpétua". Na terceira, aparece como ator, na montagem "Os Reis do Iê-Iê-Iê", de Gerald Thomas.
Mas sua estréia no Festival acontecerá com "Opus Profundum", nos dias 14 e 15 de março.
Apresentada apenas duas vezes em São Paulo, "Opus" teve várias recentes mudanças, entre elas, de elenco. A peça agora será toda musicada -"50% do espetáculo é o Unidade Móvel", diz ele.
Dionisio e o coordenador do grupo de rap Unidade Móvel, Eugênio Lima, formaram uma parceria que deu certo. Dionisio entrou com texto e direção, o lado urbano e pop. Eugênio, com música e coreografia, hip-hop e street dance, uma mistura de break com funk.
"É uma peça-festa-manifesto-show", diz Dionisio. Ele não esconde o entusiasmo do momento: "Os ensaios estão ótimos".
Mas não é só "Opus" que está dando certo. "Perpétua", o primeiro texto de sua autoria, no qual ele, ex-ator de Zé Celso ("Ham-let") e ex-assistente de Antunes Filho, descobriu até onde podia chegar como ator. Em cena estão apenas ele e Renata Jesion.
Foi em "Perpétua" que Gerald Thomas encontrou os atores com quem queria trabalhar. Convidou ambos, Dionisio e Renata, para "Os Reis do Iê-Iê-Iê".
Como autor, Dionisio diz que mudou. " 'Perpétua' tem ligação com a tradição da dramaturgia." Agora, ele busca a nova dramaturgia na rua. "O office boy é o personagem com características únicas do nosso tempo", diz.
A nova dramaturgia, segundo Dionisio, está na fusão do submundo, da favela, do tráfego, com o mais alto poder. "No fundo, são dois mundos muito parecidos."
O próximo espetáculo, que será concluído no segundo semestre, é "Desembestai", "sobre adolescentes". Com essa peça, ele fecha sua "Trilogia do Rebento".
Seu trabalho é o que 97 tem a dizer sobre 67. "Temos grandes influências, mas quero falar com e sobre as pessoas da minha idade."
Suas citações vão de Glauber Rocha a Hélio Oiticica, de Marcel Duchamp a Andy Warhol, de Godard a Beatles. "Eu não parto deles, mas gosto deles. Agora é outro momento. Hoje o butô do Japão está próximo ao maracatu do Recife. É a miscelânea da parabólica, games, TV, Internet. Me interessa a nova identidade."
Seu trabalho une o erudito ao lixo popular, a alta cultura a "Pulp Fiction", quadrinhos a Eisenstein. "Quero mostrar a cara que é nossa, que é do Brasil neste momento. A fusão é legal. A diversidade é importante." Essa é a sua bandeira.

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