São Paulo, sábado, 1 de março de 1997
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Especial de TV desvenda Kiri Te Kanawa

IRINEU FRANCO PERPETUO
ESPECIAL PARA A FOLHA

A TVA traz, neste mês, um prato cheio para fãs da soprano Kiri Te Kanawa, que se apresenta no Brasil em abril.
Um especial sobre a cantora, com uma hora e meia de duração, vai ao ar hoje, às 18h, no canal Bravo Brasil, com reprises no dia 10, também às 18h, no dia 11, às 14h, e no dia 28, às 18h.
"Kiri Te Kanawa" faz um resumo da biografia da cantora, que completa 53 anos de idade no próximo dia 6 de março.
O programa recebeu o prêmio de melhor documentário no Festival Internacional de Cinema e Televisão de Nova York, em 1992.
No estilo "a mulher por trás do mito", o filme mostra Kiri Te Kanawa na intimidade, maquiando-se, fazendo cooper, passeando de barco com os filhos e cozinhando.
Os depoimentos incluem os maestros Georg Solti, Colin Davis, Jeffrey Tate e Richard Bonynge, além da soprano Joan Sutherland.
Já a parte musical traz Kiri cantando ao vivo, em casa, no carro, em uma gruta e vários ensaios (nos quais a soprano usa e abusa do direito de errar), bem como a preparação para uma encenação da ópera "Capriccio", de Richard Strauss.
Pais adotivos
Kiri Te Kanawa nasceu na pequena Gisborne (Nova Zelândia). De sangue maori (indígenas neozelandeses da raça polinésia), foi criada por pais adotivos -mãe irlandesa e pai maori.
Graças à vontade férrea da mãe, entrou para um colégio católico em Auckland, já com a educação completamente voltada para a música.
No documentário, Dame Kiri conta como irmã Maria, sua professora de canto, a tirava de suas aulas de outras disciplinas para levá-la aos ensaios do coral.
Ela também fala do preconceito contra seu sangue indígena, que começava na família. "Meu pai não falava maori, nem queria que eu aprendesse maori", afirma a soprano.
Buscando carreira internacional, a cantora mudou-se, em 1966, da Nova Zelândia (onde fizera dois filmes, 50 gravações e várias turnês) para o Reino Unido, onde, completamente desconhecida, estudou no London Opera Centre (Londres).
O primeiro papel de destaque foi a Condessa, nas "Bodas de Fígaro", de Mozart, no Covent Garden, em 1971. Três anos depois, veio a consagração no Metropolitan, de Nova York, interpretando Desdêmona, em "Otello", de Verdi.
Mas a grande chance de sua carreira aconteceu em 1981, quando o mundo inteiro estava assistindo, pela televisão, ao casamento do príncipe Charles.
O documentário mostra como Kiri, no evento, estava vestida para matar: um chamativo vestido tingido de verde-limão e rosa berrantes, mais um chapéu azul que era tudo, menos discreto.
Foi a consagração. Daí por diante, ela não perderia a chance de cantar em torneios de golfe, rúgbi e premiações do Nobel.
Gravou vários discos "crossover" (destacando o musical "West Side Story", de Leonard Bernstein, com José Carreras e regência do próprio compositor), mas não descuidou da ópera, destacando-se em papéis de Mozart e Richard Strauss.
Strauss é um compositor especialmente favorecido pelo especial, que mostra Kiri gravando suas "Quatro Últimas Canções" com o maestro Georg Solti (que, meticuloso, corrige o alemão da cantora a toda hora).
O documentário poderia ter menos música popular e mais ópera. Poderia, ainda, mostrá-la contracenando com outros astros e atuando no marcante filme "Don Giovanni", de Joseph Losey (1979).
Estes, certamente, devem não apenas assistir, mas programar seus videocassetes para gravar o programa.

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