São Paulo, sábado, 1 de março de 1997 |
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Série registra concertos de jazz na Europa
CARLOS CALADO
A série "Jazz World" confirma um fato irônico que os jazzistas conhecem bem há décadas: as platéias européias (assim como as japonesas) costumam recebê-los melhor que as dos EUA -país onde essa música nasceu. Basta ouvir o CD "The Stockholm Concert", que revela o entusiasmo do público sueco durante um concerto da cantora Ella Fitzgerald (1917-1996), na cidade de Estocolmo, em 1966. Muito bem acompanhada pela orquestra de Duke Ellington (1899-1974), Ella não esconde a emoção frente à resposta dos fãs, excitados com as interpretações de "Let's Do It" (de Cole Porter), "Wives and Lovers" (de Bacharach & David) ou "Something to Live For" (de Strayhorn & Ellington). Até mesmo uma flagrante escorregada da "lady" -a versão desconjuntada de "Só Danço Samba" (Tom Jobim e Vinicius de Moraes)- foi aplaudida com a mesma animação. Baker Caso típico de "jazzman" mais cultuado em outros países do que nos EUA, o trompetista e cantor Chet Baker (1929-1988) passou longos períodos de sua vida no continente europeu. O CD duplo "Hot & Cool" não menciona datas e locais de gravação. Mas, graças ao CD "Isn't Romantic?" (com uma embalagem diferente para as mesmas dez faixas do segundo volume de "Hot & Cool"), ficamos sabendo que Baker gravou o grosso desse material na primeira metade dos anos 60. Foi um período bastante tumultuado para o trompetista. Depois dos problemas que tivera com a polícia da Califórnia, por porte de drogas, também veio a ser preso na Itália e na Alemanha. Mas os fãs do canto "cool" de Baker vão encontrá-lo em boa forma, interpretando baladas românticas como "Time After Time" e "You Don't Know What Love Is". Não faltam exemplos da ligação do trompetista com o "bebop" e o posterior "west coast jazz", evidente nas agitadas versões de "Donna Lee" e "Mr. B". Getz Já o CD duplo "Live in Europe" reúne dois momentos distantes na carreira do saxofonista Stan Getz (1927-1994), que também viveu na Europa entre 1958 e 1961. Em 1959, pouco antes de virar divulgador da bossa nova no exterior, Getz improvisou vários "standards", em palcos de Paris e Copenhague. Com a mesma sonoridade suave e o mesmo gosto por baladas românticas, ele reaparece 21 anos depois, durante um show em Cannes, na França. Também gravado em Cannes, só que em 1981, o CD de Gary Burton dá uma boa idéia do ecletismo desse elogiado vibrafonista. Inclui até uma incursão pela música brasileira, em "Chega de Saudade". Hubbard e Grapelli Outro músico eclético é o trompetista Freddie Hubbard, que comanda a gravação mais recente do pacote. Em 1991, a animada platéia de Varsóvia acompanhou sua longa versão de "All Blues" (Miles Davis), acredite, batendo palmas. Completa o pacote "It Might as Well Be Swing", do violinista francês Stéphane Grappelli, 89. Entre baladas e "standards", o que mais chama atenção é o encontro desse veterano com o saxofonista e "bebopper" Phil Woods. Série: Jazz World Lançamento: Movieplay Preços: R$ 24 (CD duplo) e R$ 12 (CD simples), em média Texto Anterior: Músico acredita na solução Próximo Texto: Tchaikovski é noturmo Índice |
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