São Paulo, sábado, 1 de março de 1997
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México combate narcotráfico, dizem EUA

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

O governo dos EUA resolveu manter o México na lista de países que cooperam com ele na luta contra o narcotráfico internacional.
A decisão foi tomada pelo presidente Bill Clinton por insistência da secretária de Estado, Madeleine Albright, que fez o anúncio oficial.
Os responsáveis pelo combate ao tráfico e consumo de drogas nos Estados Unidos eram favoráveis a punições econômicas contra o México pelo que eles julgam ser condescendência do governo com os cartéis mexicanos.
Mas os argumentos geopolíticos dos diplomatas norte-americanos prevaleceram. A punição a um dos dois parceiros dos EUA no Nafta (Acordo Norte-Americano de Livre Comércio) e ao principal exportador de imigrantes ilegais para o país poderia ter efeitos desastrosos, segundo diplomatas.
Além disso, a decertificação do México poderia criar clima de constrangimento para o presidente Clinton em sua visita àquele país, programada para este mês.
O embaixador do México em Washington, Jesús Silva Herzog, disse na quinta-feira que "seria difícil manter um bom nível de cooperação (com os EUA) depois de levar um tapa no rosto".
Os decertificados
A Colômbia, que no ano passado perdeu a certificação de país que colabora na luta contra o narcotráfico, permanece fora da lista.
Todos os anos, o governo norte-americano avalia a cooperação dos países na rota do tráfico de drogas. Os que são certificados recebem ajuda material dos EUA. Os que falham, na opinião dos EUA, sofrem sanções econômicas. O Brasil tem sido sempre certificado.
Além da Colômbia, cinco outros países continuarão sendo punidos este ano: Afeganistão, Myanma, Irã, Nigéria e Síria. Três países (Belize, Paquistão e Líbano) foram considerados como não cooperativos mas a punição contra eles foi suspensa por um ano "por razões de segurança nacional". Clinton considerou a possibilidade de usar o mesmo artifício com o México, mas Albright se opôs a ele.
Diversos parlamentares, inclusive do Partido Democrata, do governo, prometeram lutar no Congresso dos EUA para reverter a decisão de Clinton em relação ao México. O líder do governo na Câmara, Richard Gephardt, é um deles.
Albright disse que, apesar de ter certificado o México, o governo dos EUA expressa sua grande preocupação com o que tem ocorrido naquele país em referência ao combate ao narcotráfico, em especial no que se refere à corrupção.
Ela fez elogios ao presidente mexicano, Ernesto Zedillo, pelo que considerou "pronta resposta" aos últimos incidentes de corrupção entre funcionários do governo do México, inclusive o líder do programa de combate ao narcotráfico, preso na semana passada.
Horas antes do anúncio, o México divulgou a prisão de Oscar Malherbe de León, herdeiro da chefia do cartel do Golfo. Ele havia substituído Juan García Abrego, preso e extraditado para os EUA.

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