São Paulo, quarta-feira, 5 de março de 1997
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Jean Soublin promete visão da Amazônia para os franceses

Escritor está no Brasil para pesquisar tema de novo livro

MARCELO REZENDE
DA REPORTAGEM LOCAL

Depois do segundo imperador do Brasil, o escritor francês Jean Soublin -autor de "D. Pedro 2º - Memórias Imaginárias" (ed. Paz e Terra)- terá a região amazonense, e sua história, como tema de seu próximo livro.
"Eu quero mostrar para o público francês que antes das manifestações ecológicas, dos shows em favor dos índios e todo esses acontecimentos da mídia, já havia uma Amazônia", disse Soublin à Folha ontem, em sua passagem por São Paulo.
O romancista faz palestra hoje, às 10h, no Instituto de Estudos Linguísticos da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Na próxima semana, será a vez do Rio de Janeiro, nos dias 11 (às 17h30) e 13 (às 18h) na Maison de la France.
Em todos os encontros com o público, nas duas cidades, Soublin falará sobre Pedro 2º, o objeto que o tornou conhecido entre os leitores e o mercado brasileiro durante a última Bienal do Livro de São Paulo, quando seu romance foi lançado.
"Quase todos os meus romances têm como cenário o passado, a história. Eu acho que necessito da ajuda da história para elaborar os meus livros", diz Soublin, acrescentando que sofre uma espécie de deslocamento com o tempo em que vive.
"Já escrevi sobre a África, o Oriente. Algumas pessoas dizem que eu não gosto muito da minha época", afirma o escritor.
Soublin estudou literatura brasileira e viveu no Rio de Janeiro entre 1965 e 1968.
Segundo ele, seu interesse não está apenas no Brasil ou na cultura estrangeira. A curiosidade reside no "transplante" de uma cultura para a outra em um indivíduo.
"Os personagens", conta Soublin, "passam sempre por uma imigração, sendo obrigados a conviver com outros costumes. Isso é o transplante."
Há ainda, continua ele, uma ausência de modelos em sua escrita."Não uso fórmulas, não me projeto no que já foi feito no passado. O que desejo é falar do homem. O resto é puramente anedótico."
Sobre o romance que contará a história da Amazônia não há prazos -"é um projeto de anos"-, mas apenas uma convicção. Não pretende ser a reavaliação (ou comprovação) de que aquela é uma terra mítica, envolta, na Europa, em mais mitos do que fatos.
"Eu quero falar da conquista. Como aconteceu a ocupação, os debates entre missionários e colonos", diz.
"Essa é a segunda vez que venho ao Brasil para realizar pesquisas para o livro. Acho que estou encerrando essa fase. Penso ser capaz de uma boa síntese com tudo que encontrei aqui."
"Pretendo um trabalho curto, em torno de 250 páginas, para o mercado francês; oferecer a eles a Amazônia."

Evento: palestra de Jean Soublin
Quando: hoje, às 10h, no Instituto de Estudos Linguísticos da Unicamp (informações: tel. 019/239-7766)
Quanto: entrada franca

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