São Paulo, quarta-feira, 5 de março de 1997
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Usinas nucleares vivem decadência entre europeus

NICHOLAS SCHOON
DO "THE INDEPENDENT"

A energia nuclear pode não ser mais usada nos países da União Européia dentro dos próximos 30 anos. Há quase dez anos, o uso dessa polêmica fonte de energia vem caindo e está, aparentemente, em fase terminal.
Entre os 15 membros da UE, apenas a França ainda está construindo usinas atômicas. Mas a previsão é que usinas não sejam mais erguidas no país a partir do ano 2000.
Nenhum outro país tem planos realistas de construir novos reatores. As principais razões da rejeição são o custo elevado, se comparado a outras formas de gerar eletricidade, e o medo da população quanto à segurança.
O único acidente sério envolvendo energia nuclear na Europa ocidental ocorreu em 1957 em Windscale, Inglaterra. Um reator usado para fabricar plutônio para o arsenal do Reino Unido pegou fogo.
A principal preocupação, porém, é quanto ao destino do lixo nuclear, que permanece letal por dezenas de milhares de anos.
As exigências de segurança tornaram-se maiores, o que fez com que o custo de manutenção dos reatores antigos e a construção de novos subisse muito, tornando as usinas comercialmente inviáveis.
Mais de um quarto da eletricidade européia vem de usinas nucleares, três quartos no caso francês.
É, portanto, um setor importante que não pode ser fechado do dia para a noite.
Os operadores tentam manter reatores funcionando enquanto as normas de segurança e os governos permitirem. É preciso recuperar o grande investimento feito e adiar os gastos de desativação.
Na Suécia, por exemplo, a população decidiu em 1980, em um referendo, abandonar a energia nuclear. O plano era fechar a primeira das 12 usinas em 1985, e a última em 2005. Mas até agora nenhuma foi fechada, e a data final foi adiada para 2010.
A França é o país com o maior número de usinas (57). O país tem superávit de energia elétrica, que se tornou um dos principais produtos de exportação.
A Alemanha está em segundo lugar, com 19 usinas que produzem 30% da energia utilizada no país. Três já foram fechadas. Sua adequação a normas de segurança sairia caro demais.
A usina de Mulheim Kãlich foi aberta em 1986, operou por seis meses e foi fechada por causa de um processo judicial. O motivo foi a construção do reator a 20 metros do local previsto. O processo segue, e a usina continua fechada.
No Reino Unido, a maioria das 14 usinas foi privatizada. A iniciativa privada não vê viabilidade econômica na construção de novos reatores, e o Estado não quer se envolver.
A Espanha tem nove usinas em operação, mas abandonou planos de construir quatro usinas em 1984. A Bélgica tem sete usinas nucleares, a Finlândia, quatro; a Holanda, duas. A Áustria chegou a construir uma usina, que nunca foi aberta. Portugal, Irlanda, Grécia, Dinamarca e Luxemburgo nunca construíram usinas.

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