São Paulo, quinta-feira, 6 de março de 1997
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Governo amplia programa de recuperação durante as férias

Medida visa combater desestímulo causado pela repetência

FABIO SCHIVARTCHE
DA REPORTAGEM LOCAL

Os cerca de 1,4 milhão de alunos do 2º grau da rede estadual de ensino que forem reprovados no final deste ano poderão fazer a recuperação de férias em janeiro de 1998.
A decisão de estender o programa Escola nas Férias, iniciado este ano somente para alunos do 1º grau, foi anunciada ontem pela secretária estadual da Educação, Rose Neubauer.
Segundo ela, há uma perda muito grande (45%) de alunos do 2º grau, entre evasão e repetência, porque a maior parte deles trabalha (cerca de 80%), o que atrapalha os estudos.
O programa do governo quer combater o desestímulo provocado pela repetência. Este ano, 235.530 alunos (cerca de metade dos que foram reprovados no final do ano passado) se inscreveram na recuperação -realizada entre 6 e 30 de janeiro. Destes, 120.930 (51,3%) foram aprovados.
No entanto, há críticas sobre o funcionamento da recuperação. A professora Elza de Lima, que trabalhou no programa Escola nas Férias, acusa funcionários do governo de ter pressionado pela aprovação em massa de alunos.
Segundo Elza, a delegada Sônia Regina Normantton de Freitas, da 3ª DE (Delegacia de Ensino) de Campinas, teria dito que a recuperação estava custando muito caro ao governo e que os professores deveriam facilitar a aprovação.
"Ela disse que iria chamar pessoalmente para conversar o professor que reprovasse algum aluno", afirmou Elza.
Professora da rede estadual por 22 anos, hoje Elza está aposentada pelo Estado e trabalha em um curso supletivo de uma escola particular. Pelos serviços na recuperação, ela deve receber cerca de R$ 300 -durante o período da recuperação o governo contratou professores que não obrigatoriamente trabalham na rede.
"A delegada disse que os alunos não precisavam saber redação porque ela também não sabia e que não é essencial saber fazer contas, porque pela vida os estudantes vão usar calculadoras", afirmou Elza.
A taxa de aprovação dos alunos da 3ª DE de Campinas na recuperação foi semelhante à registrada no Estado -1.049 (cerca de 50%) dos 2.091 alunos que participaram do programa passaram de ano.
Sônia Regina nega as acusações. "Nunca pressionei ou influi na decisão dos professores", afirmou a delegada de ensino.
"Se o governo tivesse forçado a barra para aprovar todo mundo, não haveria esse índice de 42% de repetência depois de feita a recuperação de férias", afirmou ontem a secretária da Educação.

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