São Paulo, quinta-feira, 6 de março de 1997
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Albânia aumenta pressão sobre rebeldes

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O governo da Albânia aumentou a pressão militar contra os manifestantes armados no sul do país.
Em Sarandë, um dos centros da crise, os rebeldes tomaram um tanque do Exército. Em Styari, 10 km a leste, houve choques entre 60 soldados e manifestantes, deixando pelo menos quatro habitantes e dois soldados feridos. Segundo um jornalista grego, os militares recuaram após 40 minutos de choques.
Aviões sobrevoaram o sul do país. Não há registro oficial de disparos deles contra as aldeias, apesar de jornalistas terem visto fumaça típica de bombas. Os rebeldes da cidade portuária de Vlorë prepararam suas metralhadoras para atingir os aviões.
O sul do país concentra os protestos populares contra a quebra no sistema financeiro albanês, que começou em janeiro. A maioria da população perdeu dinheiro em um sistema de investimentos conhecido por "pirâmide", que previa rendimentos de até 100% mensais, de acordo com o número de participantes.
Os bancos não pagaram os rendimentos. A população acusa o governo de conivência com as instituições.
Os manifestantes se armaram e trouxeram a ameaça de uma guerra civil. No domingo, o governo decretou estado de emergência, com toque de recolher e censura à imprensa.
Apesar do avanço militar, o presidente Sali Berisha disse ontem que houve uma "extraordinária melhora" na situação, razão pela qual o toque de recolher seria diminuído em todo o país, exceto Vlorë, Gjirokastër, Fier e Berat.
Vlorë, Sarandë e Delvine estão fora do controle do governo albanês, segundo relato do chanceler italiano, Lamberto Dini, a partir de conversa com seu colega albanês, Tritan Shehu.
Segundo Dini, a tática de Berisha agora seria "isolar" as cidades do sul, evitando conflitos. Mais de 20 pessoas já morreram no sul do país desde sexta-feira.
Uma fragata italiana recolheu no mar Adriático (que separa os dois países) dois albaneses adultos e três crianças italianas que tentavam deixar a Albânia, o país mais pobre da Europa. Horas depois, a mesma fragata resgatou outro barco, com 15 pessoas a bordo, nas mesmas condições.
Na véspera, dois oficiais albaneses conduziram um avião até o sul da Itália, fugindo do país. O governo albanês negou que eles tivessem ordens para atirar contra a população.
Lamberto Dini disse que a União Européia só vai enviar uma missão militar à Albânia se o governo de Berisha assim pedir.
A Holanda, que exerce a presidência temporária da União Européia, anunciou que vai enviar seu chanceler, Hans van Mierlo, amanhã ao país do sudeste europeu.
Ele vai propor a Berisha uma solução política para a crise. Entretanto, Berisha tem resistido a propostas de criar um governo de união nacional.

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