São Paulo, quinta-feira, 6 de março de 1997
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UM PASSO À FRENTE

A confirmação da primeira etapa da privatização da Vale do Rio Doce para 29 de abril e o anúncio do seu preço mínimo são as primeiras notícias realmente relevantes, no âmbito da economia, desde a aprovação da emenda constitucional da reeleição.
É inegável que, mesmo ainda sem as reformas do Estado, a aceleração do programa de privatização dá mais credibilidade ao governo, sobretudo entre os investidores. No caso da Vale do Rio Doce, o ganho é ainda maior, devido às resistências que o processo suscitou recentemente.
Mas não se trata simplesmente de comemorar a concretização iminente dessa privatização como uma demonstração de força. Afinal, o seu mérito político maior está exatamente no fato de as críticas terem sido absorvidas, possibilitando um aperfeiçoamento do modelo de venda.
A manutenção de uma "golden share" por cinco anos (presença com direito a veto em questões estratégicas) e a participação dos funcionários da empresa na segunda etapa da venda, assim como a inclusão do contrato de risco e de debêntures que asseguram que a União participe de futuras descobertas, são exemplos de soluções técnicas impecáveis para questões políticas cruciais.
Outro aspecto fundamental é a utilização da receita obtida com o processo no abatimento da dívida pública. Em outros países, já foi criticado, com razão, o método de privatização selvagem cuja receita cobriria apenas rombos orçamentários ou serviria para financiar gastos correntes.
Reduzir a dívida pública abre caminho para a redução das taxas de juros, ou seja, para o aumento sustentado do investimento privado.
A boa privatização não apenas libera o Estado de uma herança desnecessária, mas, principalmente, cria novas oportunidades de desenvolvimento econômico. É uma ajuda decisiva para a construção do futuro.

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