São Paulo, sexta-feira, 7 de março de 1997
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Wagner Ramos e seus clones

FERNANDO RODRIGUES

Brasília - Ao que tudo indica, Wagner Ramos já ultrapassou os escoceses no campo da engenharia genética.
Há vários clones por aí do ex-funcionário da Prefeitura de São Paulo, que aparentemente chefiou a máfia dos precatórios.
Cada um desses clones disse uma coisa diferente nos últimos dias:
1) o clone 1 de Wagner Ramos afirmou à CPI que recebera apenas R$ 150 mil de comissão pelos seus trabalhos;
2) o clone 2 disse à Folha que o valor era um pouco maior, de R$ 1,041 milhão. O dinheiro estaria em sua única conta no exterior, em Miami;
3) o clone 3 apareceu em seguida e afirmou coisa diferente dos dois anteriores. Na realidade, afirmou, são duas as contas. Uma em Miami (com US$ 1,041 milhão) e outra em Nova York (com US$ 250 mil).
Muito loquaz, o clone 3 foi logo dizendo que não cobrava pelos serviços prestados a prefeituras. Altruísta, ele só faturava dos mais ricos, os Estados.
Agora, surgiu outro fato novo. A repórter Ana Maria Mandim revelou que o Wagner Ramos original, a matriz de todos os clones, havia feito um contrato com a corretora Perfil para "viabilizar a emissão de títulos estaduais e municipais".
Por conta dessa nova descoberta, Wagner Ramos -o original- acaba de produzir o seu quarto clone. Ele vai aparecer em breve para dizer que os outros clones cometeram um equívoco. Ele, de fato, cobrava um pouquinho das prefeituras também.
Para evitar uma superprodução de clones, Ramos decidiu que é melhor não falar mais até o dia em que tiver de prestar novo depoimento à CPI dos Precatórios.
Esperto, vai esperar para ver tudo o que os senadores conseguem descobrir. Conversará com seus advogados e traçará a melhor estratégia.
Na CPI, é improvável que Wagner Ramos fale mais do que já terão dito os outros laranjas. A não ser que os senadores se preparem muito bem para o depoimento. Até agora, ainda não há evidências suficientes. E nada garante que haverá.

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