São Paulo, sexta-feira, 7 de março de 1997
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O Rio ganhou!

LUIZ CAVERSAN

Rio de Janeiro - Seja lá qual for o resultado da escolha do Comitê Olímpico Internacional -incluindo-a ou não entre as finalistas para a Olimpíada de 2004-, o Rio de Janeiro é uma cidade vitoriosa.
A esta altura, todos já devem saber -via rádio, TV ou Internet- se o Rio chegou lá. Pode até estar de fora da lista de finalistas, não importa, porque o que se conseguiu até agora já valeu o esforço de muitos, a torcida de quase todos e as críticas de alguns. O Rio venceu. Valeu.
Valeu, sim, que o mundo inteiro soubesse que nossas águas são das mais sujas, poluídas e olimpicamente inviáveis.
Valeu saber que nossos telefones são mais mudos e inconectáveis com o resto do planeta, pelo menos na velocidade exigida pelos tempos e bites que correm, aliás por fibras óticas que não temos.
Valeu ainda que todos soubessem que dos coletivos, nossos ônibus são os mais ferozes, às vezes até mais assassinos que os AR-15 que pontificam nas favelas. Essas, todos já conheciam, e isso também não é de todo mau.
Os caras do COI vieram aqui e aqui conheceram o Brasil real. Esse é um mérito que não se pode tirar do comitê brasileiro. Nada foi tungado, escondido, disfarçado. Mostrou-se o que há, o que temos e o que de alguma maneira temos coragem de exibir.
Só que agora mostramos tudo oficialmente, para esta coisa que até se tornou íntima, chamada COI. Mostramos com o orgulho de quem deseja ter muito mais do que a miséria evidente; de quem quer superar um terceiro-mundismo atávico, que uma Olimpíada ajudaria, sim, a superar. Com dinheiro, tecnologia, know-how.
Isso sem falar que o carioca deu mais uma vez mostra da imensa alma que guarda escondidinha lá no fundo de um amor-próprio frágil e protegido, mas que transborda sempre que pode.
Foi à rua, gritou que quer a Olimpíada para que sua cidade volte a brilhar.
Por isso tudo, escolhido para finalista ou não, o Rio venceu.
Parabéns.

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