São Paulo, sábado, 8 de março de 1997
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Comissão suspeita de uma concorrente

Empresa é ligada à Merrill Lynch

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A empresa de consultoria norte-americana Merrill Lynch, contratada para definir o mecanismo da venda da Companhia Vale do Rio Doce, presta serviços também à Anglo-American, da África do Sul, apontada como uma das favoritas no leilão da estatal.
Essa vinculação entre a Merrill Lynch e a Anglo foi possível por meio de uma terceira empresa, a SBH (Smith Borkum Hare), adquirida no mês passado pela consultoria norte-americana.
"A SBH é a responsável pelos negócios da Anglo-American nas Bolsas de valores daquele país", diz o deputado federal João Fassarela (PT-MG).
Para ele, "fica clara a relação incestuosa entre a Merrill, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e a Anglo e o vazamento de informações privilegiadas".
O ministro do Planejamento, Antonio Kandir, cuja pasta é responsável pelas privatizações, não quis se pronunciar sobre o caso.
A Anglo não tem impedimentos para compra da Vale, que estão previstos pelo modelo de privatização. A restrição atinge concorrentes da Vale (mineradoras de ferro), tradings e grandes consumidores do minério.
Um anúncio publicado em um jornal de Johannesburgo anuncia a compra de 49% da SBH pela Merrill Lynch em novembro de 1995. Nesse mesmo mês, o BNDES anunciou a vitória da empresa de consultoria norte-americana na licitação para modelagem da Vale.
No último dia 4 de fevereiro, a SBH tornou-se integralmente propriedade da Merrill Lynch, com a compra dos restantes 51%, conforme anúncio também publicado em jornal sul-africano.
Essas informações constam do relatório final da Comissão Externa da Vale, constituída em janeiro pela Câmara para investigar o processo de privatização. O relatório foi protocolado anteontem no Tribunal de Contas da União.

Leia mais sobre privatizações à pág. 1-11

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