São Paulo, sábado, 8 de março de 1997 |
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Esquema de SP pode ter remanescente
ANA MARIA MANDIM
A existência dessa pessoa, ainda não identificada, foi levantada pelo depoimento do sócio da corretora Perfil Luiz Calabria à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) dos Precatórios, do Senado. Procurado pela Folha, o advogado da Perfil, Roberto Podval, disse que sabe quem é a pessoa, mas recusou-se a dizer seu nome. "Não tenho autorização (dos donos da Perfil) para falar", afirmou. O advogado disse que seus clientes sofreram ameaças e "não querem envolver outras pessoas". No depoimento, anteontem, Calabria disse que sofreu tentativa de suborno de um "assessor" -depois disse "funcionário"- de Ramos. A pessoa, segundo ele, teria oferecido R$ 500 mil pela instalação de um computador na Perfil. O computador conteria o programa utilizado por Ramos para "corrigir" o valor dos precatórios (dívidas judiciais) de Estados e municípios, aumentando artificialmente as quantias. O objetivo da proposta -feita no dia do depoimento de Ramos à CPI (20 de fevereiro), segundo Calabria- seria confundir as investigações e preservar Ramos, fazendo com que a Perfil aparecesse como mentora de toda a operação. Calabria disse à CPI que a oferta foi recusada porque incriminaria ainda mais a corretora, mas não revelou o nome de quem a fez. Podval afirmou repetidamente à Folha que não foi Pedro Neiva o autor da proposta de colocar o computador na Perfil. Neiva, amigo do prefeito Celso Pitta, era assessor de Ramos na Secretaria das Finanças e suspeito de envolvimento na operação. Neiva pediu demissão e desapareceu de São Paulo. Foi o próprio advogado da Perfil quem sugeriu à CPI a pergunta sobre a colocação do computador. Podval acha que essa é mais uma prova de que a Perfil foi usada. Segundo ele, Calabria tem todo o direito de não revelar à CPI o nome do autor da proposta. "Ele depôs como testemunha, mas está sob investigação e provavelmente será réu de um processo. Ninguém é obrigado a dizer coisas que possam ser auto-incriminadoras." O advogado criminalista Miguel Reale Jr. diz que Calabria poderia ser processado por "calar a verdade" porque, como vítima de tentativa de suborno, não estaria se incriminando se dissesse quem tentou suborná-lo. Texto Anterior: Merrill Lynch opera conta Próximo Texto: Ex-gerente se dispõe a fazer acareação Índice |
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