São Paulo, sábado, 8 de março de 1997
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Crianças têm aula sob árvore ou em quintal

CARLOS HENRIQUE SANTIAGO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

Mostrar que lugar para aprendizado de criança não é só na escola pode render prêmios e reconhecimento internacional.
É o que revela a experiência do CPCD (Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento), desenvolvida em duas cidades do interior de Minas Gerais e em Vitória (ES).
A entidade, uma ONG (organização não-governamental), desenvolve em espaços alternativos projetos de alfabetização de crianças carentes, como o Sementinha, para crianças de 4 a 6 anos.
Existe também o projeto Ser Criança, de 7 a 14 anos, e Bornal de Jogos, para escolas de 1º grau.
O coordenador, Sebastião Rocha, afirma que "educação precisa é de gente; escola, enquanto espaço físico, é desnecessária".
Rocha iniciou o Projeto Sementinha há 13 anos na cidade de Curvelo (173 km a noroeste de Belo Horizonte), utilizando a sombra de mangueiras, alpendres e quintais das casas da periferia da cidade.
Segundo ele, o objetivo era vencer o "desafio" de proporcionar uma educação pré-escolar de qualidade mesmo sem recursos para construir um prédio adequado.
Nas aulas do Projeto Sementinha, as crianças são preparadas para a alfabetização com uma metodologia adaptada à realidade local. "O espaço utilizado, dentro do próprio bairro onde elas vivem, ajuda a reconhecer esta realidade", afirma Rocha.
Após cada assunto abordado, as próprias crianças memorizam o tema discutido criando canções, desenhos ou estorinhas faladas.
Prêmios
Em 1995, os projetos do CPCD ganharam o prêmio Criança da Abrinq (Associação Brasileira de Fabricantes de Brinquedos), na área de educação.
A entidade conquistou também o primeiro lugar em um concurso realizado pelo Unicef e o Banco Itaú para a escolha das ONGs que mais contribuíram para o desenvolvimento do ensino.
O Projeto Sementinha obteve, no exterior, o reconhecimento oficial da Organização de Educação Pré-Escolar como exemplo de educação para o Terceiro Mundo.

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