São Paulo, sábado, 8 de março de 1997
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Déficit deve ser de pelo menos US$ 1,5 bi

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O saldo da balança comercial em fevereiro teve um déficit (importações acima das exportações) de pelo menos US$ 1,5 bilhão, conforme a Folha apurou. O resultado negativo deve se repetir este mês.
Com o resultado, o saldo da balança comercial nos dois primeiros meses deste ano acumula um déficit de, no mínimo, US$ 2 bilhões. O déficit de fevereiro deve ser divulgado oficialmente na próxima semana.
Nos primeiros 35 dias úteis deste ano (até 23 de fevereiro), a balança comercial já teve um déficit de US$ 1,621 bilhões, segundo dados já divulgados pelo governo. As exportações ficaram em US$ 5,951 bilhões e as importações em US$ 7,572 bilhões.
Produtos agrícolas
O governo prevê um melhor desempenho das exportações somente a partir de abril, principalmente com um aumento da venda de produtos agrícolas. O governo espera uma safra agrícola acima de 81 milhões de toneladas de grãos.
"Queremos um crescimento das exportações, mas até agora elas ainda estão rateando", disse à Folha na última quarta-feira o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, José Roberto Mendonça de Barros.
O governo adotou diversas medidas de incentivo às exportações no ano passado e espera que elas surtam efeitos ao longo deste ano. Mesmo assim, sabe-se que o resultado deste ano será um déficit na balança comercial. Entre as medidas adotadas em 96 para incentivar as exportações, está a isenção do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) para produtos básicos e semi-elaborados concedida pelos Estados.
Com uma projeção de safra elevada e a redução de custos, o governo espera que a exportação de produtos agrícolas tenha um papel importante para melhorar o desempenho da balança comercial.
Assim como os demais integrantes da equipe econômica, o secretário diz que não há estimativas para o ano. Conforme a Folha publicou, o governo já trabalha com a possibilidade do déficit ficar acima de US$ 8 bilhões.
O ex-ministro da Fazenda Mailson da Nóbrega disse que um déficit próximo a US$ 2 bilhões em janeiro e fevereiro indica tendência de um saldo negativo de US$ 8 bilhões a US$ 10 bilhões no ano.
"Isso pode deixar o país vulnerável, mesmo que haja financiamento externo", afirmou ele. Segundo Nóbrega, o governo ainda não tem indicadores confiáveis sobre o comportamento da economia e também dispõe de tempo.

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