São Paulo, sábado, 8 de março de 1997
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Look da cantora Patti Smith inspira a moda

ERIKA PALOMINO
DA REDAÇÃO

A grande exposição de Robert Mapplethorpe montada no MAM de São Paulo dá oportunidade para conferir ao vivo a força do que se pode chamar de dois mitos da realidade.
Robert conheceu Patti aos 20 anos, em 67. Ele estava dormindo em seu apartamento em Nova York. A porta estava aberta. Ela entrou, procurando outra pessoa; era o endereço errado. Quando ele abriu os olhos, ela estava em sua frente.
Os dois viveram juntos no lendário hotel Chelsea, em Nova York, onde foram amantes e companheiros por muitos anos, num período de descoberta e muita criatividade. Foram de Patti suas primeiras fotos, tiradas com uma Polaroid.
Richard tinha um pequeno altar em casa, com uma pele de lobo -um talismã dos dois-, mais um calendário adventista com as imagens religiosas (uma de suas fixações) substituídas por fotos de Patti.
O espírito libertário, a atitude, o despojamento e a ambiguidade de Patti Smith entraram na moda. Na última temporada de desfiles de Paris, a estilista belga Ann Demeuleester deu um susto no Planeta Fashion ao encher sua passarela de clones de Patti Smith.
O look era o mesmo das fotos de Mapplethorpe de 75: camisa masculina branca aberta e caída sobre regata branca, gravata jogada, cabelo embaraçado, sobrancelhas fortes.
As revistas de moda captaram a intensidade da história e foram mais longe -até porque não chega a ser novidade a parceria moda/rock. As três publicações mais importantes dos Estados Unidos, "Vogue", "Harper's Bazaar" e "W" dedicaram páginas e páginas sobre esse cruzamento fashion.
O mais especial é o da "W" (edição de março, capa de Tom Cruise), com fotos de Steven Sebring, que acabara de dirigir um documentário sobre a cantora e havia passado alguns meses em sua constante companhia. Assim, aos 52 anos, Smith vira modelo de um editorial em que faz também a função de editora de moda, escolhendo as roupas que veste.
O resultado é tão verdadeiro quanto uma foto de Mapplethorpe (no da "Vogue", ela parece algo fantasiada). Entre as marcas usadas, Demeulemeester, Comme des Garçons, Jil Sander, Helmut Lang e DKNY. Não há maquiagem nem cabelo -somente os nós criados por suas tranças embaralhadas.
Na TV, deixe-se seduzir pelas imagens mais que realistas do fotógrafo Robert Frank (um dos maiores dos EUA) no clipe de "Summer Cannibals", do novíssimo álbum de Smith, "Gone Again".
No clipe, todo em preto-e-branco, realismo perde: informalmente, Smith esvazia os bolsos e coça o pé. Uma diva.
(EP)

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