São Paulo, sábado, 8 de março de 1997 |
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Presidente enfrenta impasse político e militar
EMMA DALY
No que um dia foi um telhado, esqueléticos canos de armas apontam para o céu enquanto fumaça ainda sobe da madeira em chamas dos quartéis de Vlorë. As pessoas que moram perto da área se mudaram -o prédio vizinho está repleto de munição. Caixas verdes estão empilhadas até o teto, o chão está coberto de granadas de mão, morteiros e bombas. Nós nos afastamos gritando "não" quando nosso guia apanha uma granada e a expõe orgulhosamente, tentando não tropeçar nas minas antipessoais espalhadas pelo chão. Um capitão do Exército albanês vê a cena e tira a granada do entusiasmado guia. Ele diz que cerca de 50 dos 200 soldados estacionados aqui abandonaram o governo em favor do "povo"; os desertores estão "na área". Um desses é o major Dalip Done: "Nós não somos contrários ao povo, nós somos contrários ao governo", diz ele, sem fazer referência à oferta de anistia, feita pelo presidente Sali Berisha, para aqueles que abandonarem as armas. Ele pensa antes na defesa de Vlorë. "Todos aqui têm armas, e nós estamos prontos para lutar." Ontem, manifestantes em Vlorë imprimiram folhetos em albanês e inglês que foram entregues à imprensa internacional. "Berisha, vá embora! Você é louco. O povo vencerá você. Você não pode matar o heróico povo de Vlorë. Nós queremos novas eleições", diziam os folhetos. Mas não é certo que uma solução política que não seja a renúncia de Berisha vá conseguir restaurar a ordem. "Em Vlorë, as pessoas estão lutando contra o governo, mas não porque eles queiram fundar um governo", disse Geni, um jovem que participava de uma manifestação anti-Berisha na cidade. Os protestos não fizeram surgir um líder político. É difícil ver como Berisha consiga resolver a situação, negociando ou atirando. No front político, o principal problema é encontrar rebeldes para negociar; não há estruturas organizadas ainda. A opção militar é pior, mesmo sem contar com a crítica internacional que uma guerra despertaria. Primeiro, o Exército de Berisha -em amplos setores- claramente se opõe à possibilidade de um confronto, ao menos a julgar pelo comportamento dos soldados que controlam o sul. Todos são mal pagos, muitos perderam dinheiro nos esquemas de pirâmide. Segundo, os rebeldes do sul estão bem armados (com equipamento militar roubado de quartéis tomados) e muito determinados. Terceiro, como impor a ordem pela força -o Exército deve bombardear Vlorë e Sarandë, por exemplo? Texto Anterior: Rebeldes do sul albanês rejeitam paz Próximo Texto: Ieltsin nomeia Tchubais para comandar economia da Rússia Índice |
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