São Paulo, sábado, 8 de março de 1997
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Rebeldes do sul albanês rejeitam paz

Berisha é pressionado a renunciar

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Os rebeldes albaneses rejeitaram proposta de cessar-fogo feita pelo presidente Sali Berisha e dizem que continuarão tentando derrubá-lo.
Berisha propôs aos opositores armados, a maioria ligada à esquerda, que abandonem as armas em troca de anistia. O governo de Tirana praticamente não tem controle sobre o sul da Albânia, país do sudeste da Europa e o mais pobre do continente.
O governo albanês enfrenta resistência popular desde meados de janeiro, quando instituições financeiras que operavam um sistema de investimentos chamado "pirâmide" quebraram, prejudicando a maioria da população. Sem receber os juros de até 100% mensais que esperavam, a população se revoltou e começou a se armar, acusando o governo de conivência.
Um cessar-fogo de 48 horas começou na manhã de ontem (madrugada no Brasil), aparentemente seguindo a estratégia de Berisha de isolar as cidades amotinadas, sem atacá-las.
Em Sarandë, cidade do sul controlada pelos manifestantes, um conselho rebelde decidiu que só vai entregar armas quando Berisha renunciar.
"Ele não está em condições de oferecer nada. A escolha é clara. Ou ele renuncia ou morreremos todos", disse um líder rebelde identificado apenas como Agron.
Dois tanques de fabricação soviética guardavam ontem a entrada de Sarandë. Cerca de 3.000 pessoas foram à praça principal da cidade reafirmar sua oposição a Berisha. A cidade sofre deficiências de abastecimento. Alguns feridos nos confrontos foram levados para a ilha grega de Corfu.
Também em Vlorë, cidade portuária que centraliza os protestos, a proposta de Berisha foi mal recebida. Duas pessoas morreram em 24 horas -já são 27 vítimas nos choques em uma semana.
O governo também sofre pressão externa. A União Européia teme que os conflitos degringolem em uma guerra civil.
O chanceler holandês, Hans van Mierlo, chegou ontem a Tirana para negociar o fim dos choques. A Holanda ocupa a presidência temporária da União Européia. "Deixe a União Européia ajudar a Albânia", disse Van Mierlo ao presidente.
Mas Berisha não deve aceitar novas eleições, como pressionam os países europeus, nem um governo de união nacional. Van Mierlo disse que propôs também a adoção de uma nova Constituição. Berisha prometeu ao chanceler estudar a questão.

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