São Paulo, sábado, 8 de março de 1997
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Clinton diz que pode ter feito irregularidade

Denúncia envolve telefone do governo

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

O presidente dos EUA, Bill Clinton, disse ontem não ter certeza se fez ou não pedidos de contribuições políticas por telefone desde seu escritório na Casa Branca, sede do governo federal. A legislação eleitoral proíbe o uso de edifícios públicos em atividades de obtenção de fundos com fins eleitorais.
O presidente gastou 40 dos 50 minutos de sua entrevista coletiva de ontem em respostas sobre o financiamento de sua campanha para reeleição em 1996. Ele defendeu o vice-presidente, Al Gore, que admitira dezenas de telefonemas para pedir dinheiro de dentro da Casa Branca. Gore sustenta que as ligações foram pagas com um cartão de crédito da campanha, não com dinheiro do contribuinte.
Clinton acha que Gore não violou a lei. Nem Maggie Williams, chefe de gabinete da primeira-dama, que recebeu na Casa Branca um cheque de US$ 50 mil de um empresário e o passou para a campanha para a reeleição do presidente.
Mas ele também disse concordar com a decisão de Gore de não fazer mais telefonemas de caráter partidário de dentro da Casa Branca e esperar que Williams e outros funcionários se recusem no futuro a tocar em contribuições eleitorais em seus locais de trabalho.
O presidente afirmou acreditar que "ninguém achará evidências de que eu tenha alterado qualquer política somente por causa de uma contribuição". Voltou a argumentar que não vê nada de errado em receber amigos e aliados como hóspedes na Casa Branca e a lamentar que seu partido, o Democrata, não tenha checado a origem de pelo menos US$ 3 milhões em doações recebidas para sua campanha e já devolvidas por suspeita de terem sido irregulares.
Ele reconheceu ainda que deveria ter havido melhor checagem de informações sobre pessoas que o visitaram para tomar café e conversar na Casa Branca durante a campanha. Pelo menos cinco delas tinham graves problemas legais, conforme se apurou mais tarde.

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