São Paulo, sábado, 8 de março de 1997
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O DESAFIO É CRESCER

O baixo ritmo de crescimento da economia no ano passado resultou em grande parte da ação deliberada do governo no sentido de moderar a expansão para conter o déficit comercial e a inflação. Segundo dados definitivos do IBGE, divulgados anteontem, o PIB cresceu apenas 2,91% em 96. As previsões para este ano são mais animadoras e apontam algo entre 4% e 4,5%, supondo que o governo não coloque novos freios à expansão do crédito e da economia.
O desempenho de 96, fraco para um país em desenvolvimento, pode ser explicado por circunstâncias específicas de uma fase de estabilização, mas não é aceitável como perspectiva de longo prazo. A meta universal de crescer e manter baixos níveis de desemprego é ainda mais premente em uma nação com índices tão elevados de miséria e desigualdade como o Brasil. Vale notar que, desde 1930, data que se convencionou usar como marco do processo de industrialização, o crescimento médio do PIB foi da ordem de 7% ao ano.
As autoridades econômicas estão cautelosas a respeito de uma eventual euforia de consumo que possa pressionar a inflação antes que a estabilidade da moeda esteja consolidada. Ademais, o país enfrenta um problema de desequilíbrio externo. Com a valorização do real e a redução de tarifas, a balança comercial caiu rapidamente de um superávit de US$ 10,5 bilhões em 94 para um déficit de US$ 5,5 bilhões em 96.
Mantida a atual taxa de câmbio, e sem reduções expressivas no "custo Brasil", teme-se que um crescimento mais vigoroso da economia aumente ainda mais as importações, o que poderia trazer dúvidas maiores quanto à capacidade de o Brasil honrar seus compromissos externos. A demora na aprovação e implementação das reformas tampouco contribui para melhorar a credibilidade do país.
Não são poucos os desafios que hoje estão colocados. É preciso concluir as mudanças necessárias à consolidação do real e preparar a economia para um novo ciclo de crescimento.

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