São Paulo, domingo, 9 de março de 1997
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PF instala delegacia de crimes financeiros

FÁBIO SANCHEZ
DA REPORTAGEM LOCAL

A repercussão da CPI dos Precatórios no Congresso e na mídia acelerou, dentro da Polícia Federal, a criação de uma delegacia especializada em crimes do mercado financeiro.
A PF espera contar, até o final de março, com a implantação completa do novo departamento. A delegacia foi criada em janeiro por meio de portaria do diretor-geral da PF, Vicente Chelotti.
O setor, intitulado "Delegacia de Crimes Especiais", será coordenado por um grupo de seis delegados sediados em Brasília. Outras duas delegacias serão instaladas em São Paulo e Rio. Cada uma contará, em princípio, com um delegado.
"Depois do caso de PC Farias, do Banco Econômico e da CPI dos Precatórios, a criação dessa delegacia se tornou imprescindível", diz o delegado João Carlos Abraços, responsável pelas investigações da CPI em São Paulo.
A nova delegacia provavelmente será a responsável pelos inquéritos que resultarão das investigações da CPI dos Precatórios -até agora, embora a PF esteja mobilizada para as investigações, não foi aberto inquérito policial.
A vantagem, para a PF, é que a nova delegacia terá funcionários dedicados exclusivamente ao rastreamento de operações criminosas dentro e fora do país.
Eles sistematizarão o trânsito de cheques destinados a doleiros pelos operadores do mercado financeiro e traçarão paralelos entre eles e outras investigações da PF.
Conflitos
Embora a criação da nova delegacia tenha uma grande demanda, os policiais federais empenhados na sua organização acreditam que ela terá atritos internos -dentro da própria PF- e externos.
Na Polícia Federal, a delegacia cuidará de casos na mesma área em que atuam as delegacias fazendárias -que investigam sonegação e contrabando, por exemplo- e a de entorpecentes. Além disso, a delegacia será incumbida de investigar os próprios delegados que se envolvam em crimes.
Na área externa, o maior problema que será enfrentada pela delegacia refere-se à busca de informações junto aos bancos. A quebra de sigilo bancário será um instrumento importante para o rastreamento do dinheiro.
A Febraban (Federação Brasileira das Associações de Bancos) critica iniciativas do governo que resultem na quebra do sigilo. "É preciso tomar cuidado para que a privacidade das pessoas não seja invadida", alerta Otto Steiner Júnior, diretor da Febraban.
Desde 96, os bancos apontam restrições ao projeto do ministro da Justiça, Nelson Jobim, que também determina a quebra do sigilo bancário para investigações sobre tráfico de entorpecentes.

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