São Paulo, domingo, 9 de março de 1997 |
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Década revela novos pólos de crescimento
JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO
As regiões de Assis e Ourinhos, às margens do rio Paranapanema, no oeste paulista, passaram de um déficit migratório histórico para um saldo positivo anual de 806 e 503 migrantes, respectivamente. Os números, modestos, estão longe de apontar um "boom" econômico, mas interromperam uma sangria populacional que se repetia há décadas. Desempenho mais animador registrou, por exemplo, a região de Rio Claro, próxima à rodovia Washington Luiz. A diferença entre os imigrantes (que chegaram) e os emigrantes (que saíram) cresceu 146% nesta década. O saldo positivo foi de 2.710 migrantes a cada ano entre 1991 e 1996, contra uma média anual de 1.095 na década passada. No mesmo período, a região criou 5.022 novos postos de trabalho formais. Em São José do Rio Preto, o aumento não foi tão rápido, mas tem sido mais sólido e constante. O resultado é que só nos últimos cinco anos a região já absorveu 34.250 migrantes. Ultrapassou Santos e São José dos Campos no saldo migratório e já é a quarta do Estado nesse critério. No caminho inverso, a região de Araraquara, no centro de São Paulo, registrou um dos maiores déficits migratórios paulistas. Os municípios da araraquarense, que recebiam em média 3.980 migrantes/ano, exportaram 9.455 pessoas nesta década. Entre cortes de 5.561 empregos de serviços e ganhos em outros setores da economia, a região perdeu 659 postos de trabalho formal nesse período. Nem sempre, entretanto, a questão do emprego condiciona os fluxos migratórios. O maior exemplo é o cinturão da região metropolitana de São Paulo, que acolhe grande parte dos emigrantes da capital. Guarulhos, que recebeu o número recorde de 111.740 migrantes nos últimos cinco anos, criou só 5.512 empregos com carteira assinada nesse período. Ou seja: os novos moradores continuam trabalhando na capital. "A cidade funciona quase que como um bairro de São Paulo. O emigrante paulistano resolve sua questão econômica imediata, porque vai morar num local mais barato, mas perde mais tempo no trânsito", afirma Carlos Eugênio Ferreira, demógrafo do Seade. O resultado, diz, é o aumento do estresse urbano. Há mais demandas por transporte, as distâncias percorridas são maiores, diminui o tempo de descanso e a pessoa fica mais tempo exposta aos riscos do trânsito. Texto Anterior: Região culpa governo por 'congelamento demográfico' Próximo Texto: Franca cresce e teme desemprego Índice |
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