São Paulo, domingo, 9 de março de 1997
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Novo pára-choque evita "efeito guilhotina"

LUCIANA CONSTANTINO
DA FOLHA CAMPINAS

A Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), em parceria com a Mercedes-Benz, está desenvolvendo um protótipo de pára-choque modelo para caminhões no Brasil.
O protótipo deve ser testado este mês em ensaio real de impacto, conhecido como crash-test, no campo de provas de Cruz Alta, da General Motors, em Indaiatuba (110 km a noroeste de São Paulo).
O novo modelo de pára-choque funciona com um sistema de cabos de aço que sustentam o equipamento.
No momento da colisão, a parte dianteira do veículo empurra os cabos e faz com que o pára-choque suba e pressione a frente do carro, impedindo o contato do pára-brisa com a carroceria do caminhão (veja quadro).
O projeto foi enviado pela Unicamp para o Contran (Conselho Nacional de Trânsito) como sugestão para ser usado em todo o país.
O trabalho, denominado Projeto Impacto, começou a ser realizado pelo laboratório de engenharia biomecânica da Unicamp a partir de uma pesquisa do engenheiro Luís Otto Faber Schmutzler, 59.
Efeito guilhotina
O objetivo é criar um modelo para atender as condições de segurança que impeçam o "efeito guilhotina".
Esse efeito acontece quando um automóvel entra sob a traseira de um caminhão ou ônibus cortando a capota do carro e causando ferimentos na cabeça dos passageiros.
O coordenador-técnico de trânsito do Contran, José Arliton Nogueira Faria, disse que conhece a proposta do Projeto Impacto.
"Várias normas de regulamentação sobre equipamentos estão sendo revistas, mas não significa que elas estejam tão ultrapassadas", afirmou o coordenador-técnico.
Descoberta
"A idéia é como a história do ovo de Colombo. É simples, mas não está sendo aplicada e, caso seja, vai poupar muitas vidas", disse o coordenador do laboratório de engenharia biomecânica, Celso Arruda, 48.
Segundo ele, além do desenvolvimento do equipamento, será necessária uma campanha de conscientização dos motoristas de caminhão sobre a importância do uso do equipamento.
Segundo dados do Contran, os acidentes de trânsito no país mataram cerca de 25 mil pessoas em 96, sendo 33% em colisões traseiras.
Em Campinas (99 km a noroeste de São Paulo), no ano passado foram registradas 500 colisões traseiras, segundo a Unicamp.
Lesão craniana
Segundo o médico-legista da Unicamp Fortunato Antonio Badan Palhares, 53, que também participa do projeto, a cada cem acidentes deste tipo, ocorrem pelo menos duas lesões cranianas, na maioria dos casos, fatais. "Além disso, existem os casos em que os passageiros ficam gravemente feridos", disse.

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