São Paulo, domingo, 9 de março de 1997
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Hormônio sintético ajuda a engravidar

JAIRO BOUER
ESPECIAL PARA A FOLHA

Dois hormônios sintéticos que chegaram ao Brasil nas últimas semanas dão uma pequena mostra de como a engenharia genética deve facilitar a vida do ser humano no próximo século.
O exemplo mais recente é o FSH (hormônio folículo estimulante), que foi lançado em São Paulo na última quarta-feira. Esse hormônio estimula o crescimento dos folículos do ovário -estruturas que vão liberar os óvulos.
Um novo tipo de insulina, hormônio usado no tratamento do diabetes, também esta à disposição dos brasileiros desde o final de fevereiro (leia texto abaixo).
FSH e gravidez
Muitas mulheres com problemas de infertilidade têm alterações nos níveis de FSH. Muitas podem ovular "com maior facilidade" quando recebem esse hormônio.
Para se ter uma idéia da dimensão do problema, os médicos calculam que cerca de 15% dos casais têm dificuldades para "engravidar". Com os recursos disponíveis hoje, apenas uma em cada quatro tentativas de fertilização assistida acaba dando certo.
Até poucos meses atrás, as mulheres que procuravam as clínicas de fertilidade recebiam um FSH que era retirado da urina de mulheres na menopausa (fase da vida em que os níveis desse hormônio estão elevados).
Havia problemas de impureza no produto e muita variação na eficácia nos diferentes lotes de FSH. Além disso, cada vez mais mulheres estão fazendo reposição hormonal na menopausa, o que torna a matéria-prima (urina de mulheres nessa fase) mais escassa.
Código genético
Cientistas conseguiram identificar a sequência exata dos genes que codificam a produção do FSH. Eles testaram esse "código" em diversas culturas (conjuntos) de células. A cultura de células do ovário do hamster chinês foi a única delas que conseguiu produzir o FSH com perfeição.
Para Dirceu Mendes Pereira, ginecologista e diretor da clínica Profert, a maior pureza e uniformidade entre os lotes desse tipo de FSH deve refletir em um tratamento para infertilidade mais eficaz, mais rápido e mais econômico.
Segundo Pereira, deve haver uso de um menor número de ampolas. É bem possível que haja também um maior número de sucessos (taxa de gravidez) nas tentativas de fertilização com as técnicas atuais.
E o progresso não pára por aí. Pereira afirma que o LH (hormônio luteinizante), que serve como "gatilho" para a ovulação, também deve ser produzido por meio de engenharia genética já nos próximos meses.

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