São Paulo, domingo, 9 de março de 1997
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Para FHC, mudar câmbio é só "truque"

VALDO CRUZ FERNANDO RODRIGUES
GABRIELA WOLTHERS

VALDO CRUZ FERNANDO RODRIGUES; GABRIELA WOLTHERS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Na opinião do presidente, desvalorização poderia servir apenas para "encher bolso dos exportadores"

O presidente Fernando Henrique Cardoso tem uma forma simples de explicar por que não deseja uma mudança no câmbio, com uma maior desvalorização do real: "Seria só um truque. No fundo, poderia servir apenas para encher os bolsos dos exportadores".
FHC continua firme na sua determinação de não ser favorável a mudanças bruscas na economia. E isso inclui o câmbio.
Para o presidente, o efeito de uma desvalorização no real seria apenas passageiro sobre a balança comercial do país (exportações e importações).
Num primeiro momento, o presidente avalia que poderia até haver aumento de exportações. Os produtos nacionais ficariam mais baratos lá fora.
Mas isso não teria vida longa, na opinião do presidente: "O problema é que não temos o que exportar. Com a economia crescendo e o mercado interno se expandindo, não sobra nada para exportação".
O presidente acha que, no momento, o importante "é continuar com as importações, desde que sejam de máquinas e equipamentos, para aparelhar o parque nacional".
FHC está convencido da precisão dos números que o ministro do Planejamento, Antonio Kandir, lhe apresenta.
Acha que o aumento das importações de máquinas e equipamentos vai eventualmente reverter em maior produção local no futuro. E, como consequência, mais exportações.
Além disso, o presidente está confiante também no avanço do programa de privatizações.
FHC acha que o patrimônio que será liquidado neste ano e no próximo, somado às reservas do país, serão mais do que suficientes para financiar os déficits da balança comercial.
Voz discordante Há quem discorde de efeitos tão positivos da importação de máquinas e equipamentos.
O deputado Delfim Netto (PPB-SP), um dos maiores críticos do Real, acha que o aumento dessas importações nos últimos meses se deve a uma razão prosaica.
"Está aumentando a importação de máquinas na mesma proporção que diminui a produção nacional desse tipo de bem. O industrial nacional, antes, comprava máquina no Brasil. Agora, compra lá fora. Isso não significa que vá produzir mais no futuro. É isso que os técnicos não dizem para o presidente", diz Delfim Netto.

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