São Paulo, domingo, 9 de março de 1997 |
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Imobiliárias fazem guerra de promoções
FÁTIMA FERNANDES
Para encontrar um inquilino -o que atualmente é raro-, vale arcar com o custo da mudança, sortear carros, não cobrar o primeiro mês, deixar livre a data do pagamento do aluguel etc. Novas estratégias aparecem a cada dia. A imobiliária Lello, por exemplo, vai lançar em abril a "Lello Postage", que vai permitir ao interessado em alugar um imóvel fazer boa parte da negociação pelo Correio ou por fax. A Folha apurou que existem imobiliárias estudando até a possibilidade de colocar limusines à disposição do candidato a inquilino para tornar a negociação mais atraente e fácil. E são justamente as promoções que estão tornando viáveis muitas das locações, de acordo com especialistas em imóveis consultados pela Folha. A Lello informa que, desde setembro de 1996, quando decidiu abrir mão do pagamento do primeiro aluguel do inquilino, o número de imóveis locados aumentou 20% -de 35 para 42 unidades mensais. Apesar desse crescimento, o estoque de imóveis residenciais para locação na Lello -cerca de 950- é o maior da história da imobiliária. "O normal são 100 unidades", afirma Manuel Figueiredo da Silva, diretor. Oferta Nos cálculos da Aabic (Associação das Administradoras de Bens Imóveis e Condomínios de São Paulo), a oferta de imóveis residenciais para locação em São Paulo é estimada atualmente em 9.500 unidades. José Roberto Graiche, presidente da Aabic, diz que a disponibilidade é maior porque a construção civil cresceu depois do Plano Real. E mais: "Como o mercado financeiro já não está tão atrativo, muitos investidores acabaram adquirindo imóveis para locação". Roberto Capuano, presidente do Creci (Conselho Regional dos Corretores de Imóveis), diz que a maior dificuldade é encontrar inquilinos para os imóveis alugados por mais de R$ 600. "A classe média está abandonando os imóveis mais caros porque não consegue arcar com os aluguéis." Para ele, a tendência é o estoque diminuir à medida que os preços da locação caírem. Levantamento da Hubert Imóveis e Administração mostra que os preços dos aluguéis residenciais caíram 8,38%, em média, ao longo do ano passado, e 1,42% em janeiro deste ano. "A tendência é os preços se manterem ou caírem", diz Hubert Gebara, diretor da empresa. Até o ano passado, conta ele, os preços dos aluguéis dos imóveis residenciais estavam muito acima da média histórica, que oscila entre 0,8% e 1% do valor de venda. Em 1996, diz Gebara, esse percentual chegou a variar entre 1,5% e 2%. "Assim, houve muita devolução de chaves. Os inquilinos acabaram se mudando para regiões mais afastadas de São Paulo." Agora, dizem esses especialistas, qualquer empurrão para conseguir um inquilino é válido -até contratar um carro de luxo para levá-lo a uma visita ao imóvel. Texto Anterior: Déficit de crescimento econômico Próximo Texto: Cai estoque para locação Índice |
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