São Paulo, domingo, 9 de março de 1997
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"Sushiman" cresce mesmo sem cursos

FREE-LANCE PARA A FOLHA

O "sushiman" (profissional da cozinha japonesa), apesar do nome, é aquele que prepara não só sushis (bolinhos de arroz com algas e peixes), mas também sashimis (tiras de peixes, camarões e lagostas).
Esse profissional, que ganha em média entre R$ 1.500 e R$ 2.500 por mês, prepara essas delícias orientais em um balcão posicionado em frente aos clientes.
Faz uma espécie de performance com as facas especiais para o corte dos peixes e crustáceos e com a habilidade que deve ter nas mãos.
Só na cidade de São Paulo, existem mais de 200 restaurantes do gênero. Cada um emprega, em média, dois "sushimen".
Devido a esse número, Hugo Kawauche, presidente da Associação Brasileira de Culinária Japonesa, diz que a profissão, que não é regulamentada, está em crescimento.
Não existe um curso profissionalizante para interessados nesse tipo de trabalho. Mas há quem dê aulas para iniciantes, que duram de um dia a um mês.
Geralmente, quem é "sushiman" começou como ajudante de cozinha -nesse caso, o salário mensal é menor e varia de dois a cinco salários mínimos -ou de R$ 224 a R$ 560.
Ronaldo Barreto, técnico e professor de alimentos e bebidas do Senac (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial), diz que o brasileiro tem habilidade manual para esse tipo de trabalho.
Segundo ele, os nordestinos são os que mais se adaptam às exigências da cozinha japonesa. "São especiais no quesito habilidade."
Wilson Alcântara da Rocha confirma essa tese. Baiano de 28 anos, está na profissão há exatos 11 anos. Recomenda: "Na hora do balcão, o 'sushiman' deve ser rápido e organizado".
Rocha, que trabalha como "prestador de serviços" no Mori Mori Sushi, em Perdizes (zona oeste de São Paulo), ganha de R$ 2.000 a R$ 3.000 por mês.
Para João Brito, 32, Muniz Cruz Mendonça, 38, e Marcelo Mitiaki, 27, todos "sushimen" do restaurante Mariko, em São Paulo, o bom profissional deve atender bem o cliente.
Oscar Izumi, 39, professor de sushi e sashimi do Senac, trabalhou seis anos no restaurante Sushigen, também em São Paulo.
Ele diz que a profissão é boa devido ao contato que o profissional deve fazer com o público.
"Muitos clientes não ficam presos ao cardápio. Daí, o 'sushiman' tem a liberdade para escolher uma comida e criar novas combinações e decoração na hora."
Hoje, ele e sua mulher, Marye, têm um bufê de comida japonesa. Izumi cuida dos sushis e sashimis e Marye, dos pratos quentes.

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