São Paulo, domingo, 9 de março de 1997
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Técnicos decidem futuro no clássico

ALEXANDRE GIMENEZ e FÁBIO VICTOR

ALEXANDRE GIMENEZ; FÁBIO VICTOR
DA REPORTAGEM LOCAL

Nelsinho, do Corinthians, e Márcio Araújo, do Palmeiras, colocam seus cargos em jogo em Presidente Prudente

Mais do que três pontos, a partida de hoje entre Palmeiras e Corinthians vale a estabilidade no emprego para seus técnicos.
O jogo, válido pelo segundo turno do Paulista-97, será disputado em Presidente Prudente (558 km a oeste de São Paulo).
As duas equipes lideram seus grupos no Paulista. O Corinthians tem 14 pontos, enquanto o Palmeiras, 17.
Nelsinho Batista, do Corinthians, passou a semana bombardeado por críticas. De patrocinador a torcedores, todos pediram a "cabeça" do técnico após a derrota para o Rio Branco, na última quinta-feira, por 1 a 0.
Já Márcio Araújo, mesmo ancorado na boa campanha do Palmeiras no campeonato, começa a viver com mais intensidade a sombra de Telê Santana, que na próxima semana passa por exames físicos e deve decidir quando assume o comando da equipe.
"Não é a vitória sobre o Corinthians que vai me confirmar ou não no cargo. Para mim, todo jogo do Palmeiras é uma confirmação da minha competência e do meu trabalho", disse Araújo.
O treinador pensa que já está conseguindo obter a confiança dos torcedores e da diretoria do Palmeiras.
"No começo do campeonato 1 torcedor, entre 50, gritava o meu nome. Os outros vaiavam. Hoje, uns dez me elogiam. É uma melhora significativa."
Araújo afirma que a possível volta de Telê Santana não o aflige. "Quando aceitei o cargo sabia que essa situação iria acontecer. Por isso, não fico abalado", disse.
"Sinto que estou melhorando muito. Acho que já sou considerado um técnico de primeira linha", completou Araújo.
Segurança
Apesar das críticas que vem recebendo, Nelsinho recebeu o apoio da diretoria corintiana, que garante que o treinador não cairá, mesmo que perca o jogo de hoje.
O técnico afirmou que, desde que chegou ao clube, sempre teve autonomia para fazer qualquer modificação no elenco e que qualquer jogador poderá ser substituído, se não estiver bem. "Tudo o que acontecer será natural. Nada vai ser consequência de apenas uma derrota. O meu termômetro será a produção dos atletas."
Nelsinho criticou o fato de a responsabilidade pelas derrotas sempre recair sobre o treinador. Disse que a cobrança é "desumana", mas não pensa em deixar o clube.
"Cheguei a um nível profissional que não aceito certo tipo de coisa. Mas se estou no Corinthians é porque gosto", disse.
Mão amiga
Márcio Araújo acha que a pressão feita sob o técnico Nelsinho é, no mínimo, injusta.
"Dou o exemplo da Fórmula 1. Uma equipe mantém o projetista por, no mínimo, dois anos. Esse é o tempo para desenvolver um carro. O técnico de futebol também precisa de tempo de montar sua equipe."
Araújo se diz triste com o problema vivido pelo técnico rival. "Conheço muito bem o Nelsinho. Ele é meu amigo particular. Sei que é um ótimo caráter."

LEIA MAIS sobre o clássico na pág. 4-4 e sobre o Paulista-97 nas págs. 4-2 e 4-3

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